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- O Ciclo Vigília-Sono e outros Ritmos Biológicos - A Consciência Regulada
A repetição diária do ato de dormir é o mais conhecido dos ritmos da vida. Todos os vertebrados o apresentam. No entanto, existem muitos outros ritmos: de atividade motora, de desempenho cognitivo, de temperatura corporal, secreção hormonal, atividades reprodutoras e assim por diante. São atividades e funções que se repetem periodicamente, em geral sincronizadas com ciclos da natureza. A sincronia entre o organismo e a natureza, podemos bem imaginar, apresenta grande valor adaptativo para todos. Mas a questão maior é a seguinte: quem gera os ritmos? E quem os sincroniza com os ciclos naturais? A resposta: os organismos têm osciladores naturais, conjuntos de células cujas funções variam em ciclos, espontaneamente. Nos animais superiores, muitos desses osciladores ficam no sistema nervoso, constituídos por neurônios especiais que disparam sinais de modo periódico. Esses “relógios biológicos” recebem informações do ambiente, e desse modo a sua oscilação espontânea fica acoplada aos ciclos ambientais. No hipotálamo está o relógio dos ritmos do dia a dia (circadianos); no epitálamo fica o relógio dos ritmos sazonais (circanuais). O mais conhecido dos ritmos é o ciclo vigília-sono, que nada mais é do que uma oscilação do nível geral de atividade do sistema nervoso: maior atividade durante a vigília, menor durante o sono (o que não quer dizer que durante o sono não haja atividade neural - há muita!). Regulam este ciclo os sistemas moduladores difusos, conjuntos de neurônios - cada um deles com neuromediadores diferentes - que emitem extensos e longos axônios que estabelecem sinapses em grandes territórios do córtex cerebral e regiões subcorticais, do tálamo à medula espinhal. Por ação dos sistemas moduladores difusos, ao final do dia adormecemos: nossa consciência apaga-se e mergulhamos no inconsciente, os músculos repousam, as funções orgânicas ficam mais lentas e pausadas. O eletroencefalograma - EEG - indica que atravessamos gradualmente os estágios do sono de ondas lentas. Subitamente, o EEG faz crer que vamos acordar: engano, entramos em um segundo estado, o sono paradoxal, no qual nos movemos pouco mas sonhamos muito. O sono de ondas lentas é regulado por sistemas neuronais situados no tronco encefálico: alguns deles controlam a passagem de informação para o córtex, através do tálamo. O sono paradoxal tem outro mecanismo, que envolve neurônios diferentes do tronco encefálico. Ao final de tudo, o indivíduo desperta e a vigília é restabelecida. Ninguém sabe a utilidade do sono. As teorias existentes ainda não foram confirmadas cientificamente. Mas uma coisa é certa: o sono é necessário, não podemos viver sem ele. Não podemos tê-lo de menos (insônias) nem demais (hipersônias). Estamos destinados a passar um terço de nossas vidas dormindo. FONTE: Livro: LENT, Roberto. Cem Bilhões de Neurônios? Conceitos fundamentais de neurociência. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. #sono #vigilia #insonia #hipersonia #circadiano #circanual #EEG #ondaslentas #neurociências #neuropsicologia #sistemanervoso #neurologista #neurocirurgião #neuropsicólogo #neurocientista #consciencia #neurônio #RobertoLent
- Quarteto da Felicidade - DOSE - Dopamina, Oxitocina, Serotonina e Endorfina.
(Tradução Livre) Os hormônios são substâncias químicas produzidas por diferentes glândulas do corpo. Eles viajam pela corrente sanguínea, atuando como mensageiros e participando de muitos processos corporais. E qual é uma das funções importantes? A regulação do seu humor. Certos hormônios são conhecidos por ajudar a promover sentimentos positivos, incluindo felicidade e prazer. Os "hormônios da felicidade" são: Dopamina: Também conhecido como hormônio do "sentir-se bem", a dopamina é um hormônio e neurotransmissor que é uma parte importante do sistema de recompensa do seu cérebro. A dopamina está associada a sensações prazerosas, juntamente com aprendizado, memória, função do sistema motor e muito mais. Serotonina: Esse hormônio e neurotransmissor ajuda a regular o seu humor, bem como o sono, apetite, digestão, capacidade de aprendizado e memória. Oxitocina: Frequentemente chamado de "hormônio do amor", a oxitocina é essencial para o parto, amamentação e uma forte ligação pai-filho. Esse hormônio também pode ajudar a promover confiança, empatia e vínculo nos relacionamentos, e os níveis de oxitocina geralmente aumentam com o afeto físico, como beijar, abraçar e fazer sexo. Endorfina: As endorfinas são o analgésico natural do seu corpo, que ele produz em resposta ao estresse ou desconforto. Os níveis de endorfina também tendem a aumentar quando você se envolve em atividades produtoras de recompensas, como comer, malhar ou fazer sexo. Veja a seguir como aproveitar ao máximo esses estimuladores naturais de humor. Receber uma massagem Rir com um amigo Cozinhar (e aproveitar) uma refeição favorita com um ente querido Experimente suplementos Ouça música (ou faça algumas) Meditar Planeje uma noite romântica Acariciar o seu cão Tenha uma boa noite de sono Gerenciar o estresse Passear ao ar livre Arranje tempo para o exercício Receber uma massagem Se você gosta de massagem, aqui está mais um motivo para obtê-la: a massagem pode aumentar todos os seus 4 hormônios da felicidade. Segundo a pesquisa científica de 2004, os níveis de serotonina e dopamina aumentaram após a massagem. A massagem também é conhecida por aumentar a endorfina (pesquisa científica de 2016) e a oxitocina (pesquisa científica de 2014). Você pode obter os benefícios de uma massagem através de um massoterapeuta profissional ou receber uma massagem de um parceiro, de sua mãe, do seu filho ou de um amigo para obter felicidade extra. Rir com um amigo Quem nunca ouviu o velho ditado: "O riso é o melhor remédio"? Obviamente, o riso não trata de problemas de saúde em andamento, entretanto pode ajudar a aliviar sentimentos de ansiedade ou estresse e melhorar o humor, aumentando os níveis de dopamina e endorfina. De acordo com um pequeno estudo científico de 2017, que analisou 12 homens jovens, o riso social desencadeou a liberação de endorfina. Uma outra pesquisa científica de 2011 apoia esta descoberta. Então, compartilhe aquele vídeo engraçado, tire o pó do seu livro de piadas ou assista a uma comédia especial com um amigo ou parceiro. Quer um bônus adicional? A ligação sobre algo hilário com um ente querido pode até desencadear a liberação de oxitocina. Cozinhe (e aproveite) uma refeição favorita com um ente querido Esta dica poderia - em teoria - aumentar todos os seus 4 hormônios da felicidade. O prazer de comer algo delicioso pode desencadear a liberação de dopamina juntamente com endorfina. Compartilhar a refeição com alguém que você ama e se relacionar com a preparação da refeição pode aumentar os níveis de oxitocina. Certos alimentos também podem ter um impacto nos níveis hormonais. Observe o seguinte ao planejar as refeições para um aumento dos hormônios da felicidade: · alimentos condimentados - que podem desencadear a liberação de endorfina · Iogurte, feijão, ovos, carnes com baixo teor de gordura e amêndoas -que são apenas alguns alimentos associados à liberação de dopamina · alimentos ricos em triptofano - que foram associados ao aumento dos níveis de serotonina · alimentos que contêm probióticos - como iogurte, kimchi e chucrute, que podem influenciar a liberação de hormônios Experimente suplementos Existem vários suplementos que podem ajudar a aumentar seus níveis de hormônios da felicidade. Aqui estão apenas alguns a considerar: · tirosina (ligada à produção de dopamina) · chá verde e extrato de chá verde (dopamina e serotonina) · probióticos (podem aumentar a produção de serotonina e dopamina) · triptofano (serotonina) Especialistas que estudam os efeitos dos suplementos encontraram resultados variados. Muitos estudos envolveram apenas animais; portanto, são necessárias mais pesquisas para ajudar a apoiar os benefícios dos suplementos para seres humanos. Os suplementos podem ser úteis, mas alguns não são recomendados para pessoas com determinadas condições de saúde. Eles também podem interagir com certos medicamentos, portanto, converse com seu médico antes de experimentá-los. Se você tomar suplementos, leia todas as instruções da embalagem e atente-se à dose recomendada, pois alguns podem ter efeitos colaterais em altas doses. Ouça música (ou faça algumas) A música pode impulsionar mais de um de seus hormônios da felicidade. Ouvir música instrumental, especialmente música que lhe dá “arrepios”, pode aumentar a produção de dopamina em seu cérebro, de acordo com um estudo científico de 2001. Então, se você gosta de música, simplesmente ouvir qualquer música que você goste, pode ajudar a deixá-lo de bom humor. Essa mudança positiva no seu humor pode aumentar a produção de serotonina. Músicos também podem experimentar uma liberação de endorfina ao criar músicas. De acordo com uma pesquisa científica de 2012, a criação e a execução de músicas dançando, cantando ou tocando bateria levaram à liberação de endorfina. Meditar Se você está familiarizado com a meditação, talvez já conheça seus muitos benefícios de bem-estar, desde a melhoraria no sono até redução do estresse. Um pequeno estudo científico de 2002, vincula muitos dos benefícios da meditação ao aumento da produção de dopamina durante a prática. Pesquisas científicas de 2011 também sugerem que a meditação pode estimular a liberação de endorfina. Não sabe como começar? Não é tão difícil quanto você imagina! Você nem precisa ficar parado, mas estar parado pode te ajudar no momento em que você começar! Experimente Para começar a meditar: • Escolha um lugar tranquilo e confortável. • Fique à vontade, seja em pé, sentado ou deitado. • Deixe todos os seus pensamentos - positivos ou negativos - surgirem e passar por você. • À medida que os pensamentos surgirem, tente não julgá-los, se apegar a eles ou afastá-los. Simplesmente admita a existência deles. Comece fazendo isso por 5 minutos e trabalhe até que as sessões se tornem mais longas com o passar do tempo. Planeje uma noite romântica A reputação da oxitocina como "hormônio do amor" é merecida! Simplesmente ser atraído por alguém pode levar à produção de oxitocina. Mas o afeto físico, incluindo beijar, abraçar ou fazer sexo, também contribui com a produção de oxitocina, de acordo com pesquisa científica de 2014. Passar um tempo com alguém que você gosta também pode ajudar a aumentar a produção de oxitocina. Isso pode ajudar a aumentar a proximidade e os sentimentos positivos do relacionamento, fazendo você se sentir feliz, alegre ou até mesmo eufórico. Se você realmente quer sentir esses hormônios da felicidade, observe que a dança e o sexo levam à liberação de endorfina, enquanto o orgasmo desencadeia a liberação de dopamina. Acariciar o seu cão Se você tem um cachorro, dar carinho ao seu amigo peludo é uma ótima maneira de aumentar os níveis de oxitocina para você e seu cão. De acordo com uma pesquisa científica de 2014, os donos de cães e seus cães têm um aumento na oxitocina quando se abraçam. Mesmo que você não possua um cachorro, também poderá experimentar um aumento na oxitocina ao ver um cachorro que conhece e gosta. Se você é um amante de cães, isso pode acontecer quando você tem a chance de acariciar qualquer cão. Então, encontre seu canino favorito e faça um bom carinho na orelha ou dê um colo. Tenha uma boa noite de sono Não dormir o suficiente com qualidade pode afetar sua saúde de várias maneiras. Por um lado, pode contribuir para um desequilíbrio hormonal, particularmente a dopamina, em seu corpo. Isso pode ter um impacto negativo no seu humor e na sua saúde física. Reservar 7 a 9 horas por noite para dormir pode ajudar a restaurar o equilíbrio hormonal em seu corpo, o que provavelmente o ajudará a se sentir melhor. Se você acha difícil dormir bem, experimente: • ir para a cama e acordar na mesma hora todos os dias • criar um ambiente tranquilo e repousante (tente reduzir a luz, o ruído e as telas) • diminuição da ingestão de cafeína, especialmente à tarde e à noite Obtenha mais dicas sobre como melhorar o seu sono, clicando aqui!! Gerenciar o estresse É normal experimentar algum estresse de tempos em tempos. Mas viver com estresse regular ou lidar com eventos de vida altamente estressantes pode causar quedas na produção de dopamina e serotonina. Isso pode afetar negativamente sua saúde e humor, tornando mais difícil lidar com o estresse. Se você está muito estressado, a American Psychological Association recomenda: · fazer uma breve pausa da fonte de estresse · risadas · meditação · levar 20 minutos para uma caminhada, corrida, passeio de bicicleta ou outra atividade física · interação social Qualquer uma dessas abordagens pode ajudar a aliviar o estresse e, ao mesmo tempo, aumentar os níveis de serotonina, dopamina e até endorfina. Passear ao ar livre Procurando aumentar seus níveis de endorfinas e serotonina? Passar um tempo ao ar livre, sob a luz do sol, é uma ótima maneira de fazer isso. De acordo com uma pesquisa científica de 2008, a exposição à luz solar pode aumentar a produção de serotonina e endorfina. Comece com pelo menos 10 a 15 minutos fora de cada dia. Se você está cansado dos mesmos pontos turísticos antigos, tente explorar um novo bairro ou parque. (Não se esqueça de protetor solar!) Arranje tempo para o exercício O exercício tem vários benefícios para a saúde física. Também pode ter um impacto positivo no bem-estar emocional. Se você já ouviu falar de “runner’s high”, ou simplesmente o “barato do corredor” já deve saber sobre a ligação entre exercício e liberação de endorfina. Mas o exercício não funciona apenas com endorfinas. A atividade física regular também pode aumentar seus níveis de dopamina e serotonina, tornando-se uma ótima opção para aumentar seus hormônios felizes. Maximize seu treino Para ver ainda mais benefícios do exercício: • Inclua alguns amigos. Um pequeno estudo científico de 2009, analisando 12 homens, encontrou evidências para sugerir que o exercício em grupo oferece mais benefícios do que o exercício individual. • Tome sol. Mova seu treino ao ar livre para maximizar seu aumento de serotonina. • Tempo. Procure pelo menos 30 minutos de exercício aeróbico de cada vez. Qualquer quantidade de atividade física traz benefícios à saúde, mas pesquisas científicas associam a liberação de endorfina ao exercício contínuo, em vez de curtas explosões de atividade. FONTE: https://www.healthline.com/health/happy-hormone#stress-reduction #luzsolar #exercíciofísico #risadas #comida #cozinhar #música #meditação #afeto #animaisdeestimação #dormir #sono #reduçãodoestresse #massagem #hormonios #neurotransmissores #dopamina #oxitocina #serotonina #endorfina #saudefisica #saudemental
- Psicocirurgia: um Bisturi Corta a Mente
Autora: Suzana Herculano-Houzel - Professora-adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro Se o cérebro é a origem ou um mero intermediário das ações da mente, ainda há quem duvide que a Neurociência consiga determinar. Mas, seja o cérebro seu criador ou apóstolo, quando a mente não vai bem é ele o culpado mais provável. Dessa lógica, combinada a uma descoberta com a experimentação animal, nasceu no começo do século 20 a psicocirurgia. Intervenções cirúrgicas para tratar distúrbios mentais não são uma invenção recente. Trepanações eram realizadas no Egito Antigo há quatro mil anos, e depois na Idade Média e no Renascimento, como mostram quadros pintados nessas épocas. Nos séculos 17, 18 e 19, as doenças mentais eram “tratadas” aplicando-se à cabeça remédios variados como água fria e “contrairritantes”, substâncias diversas que criavam pústulas que deixariam escapar do cérebro os “vapores negros” da doença. No começo do século 20, o uso terapêutico da febre induzida entrou em voga, e rendeu até o prêmio Nobel de 1927 ao austríaco Wagner von Jauregg (1862-1930), que tratava a “demência paralítica” — provavelmente sífilis do sistema nervoso — com a inoculação do protozoário causador da malária. A invenção do século 20, a esse respeito, foi a destruição de regiões do cérebro para aliviar distúrbios psiquiátricos severos e intratáveis. Chamava-se “psicocirurgia”. Ou, para seus partidários, “cirurgia psiquiátrica”. E para seus oponentes, “mutilação cerebral com o objetivo de facilitar o trato com pacientes psiquiátricos, tomando-os emocional e intelectualmente obtusos”. O responsável pela disseminação da psicocirurgia como tratamento psiquiátrico foi o neurocirurgião português Egas Moniz ( 1874-1955). Não foi ele, no entanto, o primeiro a operar o cérebro humano com esse objetivo: o suíço Gottlieb Burckhardt o fizera no fim do século 19, e foi forçado a interromper suas operações. Mas na década de 1930 o cenário era outro. A psiquiatria vinha se mostrando incapaz de tratar distúrbios mentais graves. A teoria de Cannon-Bard recebia bastante atenção, argumentando que o córtex cerebral, e os lobos frontais em particular, exerciam controle sobre os centros do tronco encefálico, responsáveis pelas emoções primitivas. Egas Moniz era um neurologista muito respeitado, já com 61 anos. Embora o cirurgião português declarasse que a ideia lhe ocorrera antes, a passagem à prática certamente foi influenciada por um simpósio muito concorrido sobre os lobos frontais, realizado durante o Congresso Internacional de Neurologia em Londres, agosto de 1935. Os americanos Carlyle Jacobsen e John Fulton apresentaram dados de experimentos com a chimpanzé Becky, um animal agressivo que se tornara dócil após a ablação dos dois lobos frontais. Depois da apresentação, Moniz perguntou a Jacobsen e Fulton se esse procedimento poderia ser testado em humanos para o tratamento da ansiedade. Seu raciocínio era que as doenças mentais são causadas por “ideias fixas” cujos circuitos se encontram nos lobos frontais. Os palestrantes ficaram alarmados. Mas Moniz achou que a ideia era boa, e três meses mais tarde, em novembro, realizou a primeira operação, numa ex-prostituta sifilítica considerada psicótica. Moniz usou o leucótomo, um instrumento para cortar as fibras da substância branca dos lobos frontais. Dois meses mais tarde, ele a declarou “curada”. O próprio Moniz cunhou o termo “psicocirurgia”, além da palavra “leucotomia”, que descrevia sua operação. Do outro lado do Atlântico, o americano Walter Freeman (1895-1972), que também havia assistido a palestra de Jacobsen e Fulton, e seu colaborador James Watts (1904-1994) começaram a operar pacientes psiquiátricos já em 1936. Freeman acreditava que a “lobotomia”, sua versão do procedimento de Moniz, interrompia a conexão dos lobos frontais com os circuitos da emoção. Freeman e Watts foram os principais responsáveis pela popularização da lobotomia, que chegou a ser amplamente usada no Brasil. Freeman sugeria mesmo ensinar a psiquiatras o procedimento transorbital que eles desenvolveram (através do fino osso que forma a cavidade orbital do olho) para empregá-lo até mesmo “no consultório”. Moniz recebeu o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia de 1949 — ano em que também recebeu quatro tiros de um paciente paranoico, não leucotomizado, e teve de abandonar a prática. Em breve, nos anos 1950, a psicocirurgia começou a declinar com a introdução do tratamento farmacológico da esquizofrenia com a droga clorpromazina, e o rápido desenvolvimento de outras drogas psicoativas, proporcionando um tratamento mais “ameno” em comparação à irreversibilidade e à destrutividade da psicocirurgia. Nos anos 1970, no entanto, voltou-se a falar da psicocirurgia. Cogitava-se sua aplicação como terapia permanente para criminosos. Em resposta, os estados da Califórnia e do Oregon, nos EUA, passaram leis restringindo seu uso. A questão da psicocirurgia vai além das indagações acerca da sua eficácia. Ela pode ser eficiente tendo-se em conta seus objetivos — mas à custa de reduzir irreversivelmente o potencial criativo do paciente, e a sua capacidade de usufruir de experiências emocionais e intelectuais. Como se não bastasse a dificuldade de decidir pelo cérebro alheio, é preciso também considerar a utilização da psicocirurgia com fins “sociais” — seja para suprimir os ímpetos de um psicopata, condenando à morte parte de seu cérebro, ou controlar pacientes rebeldes nas instituições. Afinal, quem não tem seus momentos de rebeldia e desvario? FONTE: Livro: LENT, Roberto. Cem Bilhões de Neurônios? Conceitos fundamentais de neurociência. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. #neurociências #neuropsicologia #sistemanervoso #neurologista #neurocirurgião #psiquiatra #neuropsicólogo #neurocientista #cognitivo #neurônio #RobertoLent #psicocirurgia #lobofrontal #cérebro #clorpromazina #esquizofrenia #demenciaparalitica
- Desmistificando o Autismo Leve - Síndrome de Asperger
Willian Chimura, diagnosticado com Síndrome de Asperger aos 21 anos de idade, é Youtuber em Um Canal Sobre Autismo, Programador, Tecnólogo pela ULBRA, Mestrando em Informática para Educação pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Willian explica: "Meu diagnóstico tardio de autismo poderia ter passado despercebido. Neste vídeo tento expor algumas preocupações em relação às dificuldades de diagnóstico tardio de Síndrome de Asperger e um pouco dos meus próprios desafios ao ser diagnosticado". FONTE: Diagnóstico tardio e seus desafios - Síndrome de Asperger https://www.youtube.com/watch?v=c6Nv5CUgyo4 #asperger #autismoleve #diagnosticotardio #desafios #programador #willianchimura
- O luto de um relacionamento que você pensou que tinha, mas não tinha.
Seu namoro dos sonhos não era nada parecido com o relacionamento real. E agora? (Tradução Livre) Como começa No começo, há um namorado hiperfocado. Para muitos casais em que um ou ambos têm TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, os altos níveis de dopamina que acompanham a paixão mascaram o déficit de atenção. Isso ocorre porque o TDAH é causado, em parte, por baixos níveis de dopamina. A "paixão por dopamina", na minha opinião, faz um ótimo trabalho em conectar vocês dois. Meu marido, que tem TDAH, estava muito atento. Ele pensou em coisas incríveis, divertidas e criativas para fazermos juntos, e ele tinha um 'limite' misterioso que tornava o relacionamento ainda mais excitante. Para ele, eu era inteligente, interessante, equilibrada, atenciosa e divertida. Estávamos loucamente apaixonados e começamos a viver juntos depois de três meses. Soa familiar? Infelizmente, essa dopamina extra desaparece de dois a dois anos e meio nos relacionamentos, de acordo com Helen Fisher, autora de Why We Love: The Nature and Chemistry of Romantic Love. De repente, e, muitas vezes, na hora errada, você se depara com um sujeito diferente como parceiro - alguém que mostra os sinais de TDAH - muitas vezes distraído, não particularmente atento, tendo problemas para seguir adiante. Ainda é uma ótima pessoa... mas não exatamente a pessoa com quem você pensou que estava. No namoro, você imagina uma parceria ao longo da vida com um marido atencioso. Quando essa dopamina desaparece, você cai em um relacionamento com um indivíduo distraído, solitário e, às vezes, zangado. No nosso caso, não sabíamos que meu marido tinha TDAH. Isso é comum. Segundo o Dr. Ned Hallowell, atualmente cerca de 80% do TDAH adulto não é diagnosticado. Então, não houve explicação e eu sofri - pensando que meu marido não me amava mais, que ele estava com raiva de mim, que eu tinha feito algo errado. Caímos em todos os comportamentos típicos em que os casais caem quando são afetados pelo TDAH. Toda vez que um sintoma aparecia (digamos distração), eu o interpretava mal (pensando que ele não me amava porque não estava prestando atenção em mim) e ele ficava magoado ou com raiva. Ele respondia com raiva aos meus comentários e ataques, e logo estávamos brigando por brigar. Havia tantas situações, que não entendíamos o que estava acontecendo! Em algum momento, em algum ponto, ambos olham para trás e pensam: “esse tipo de relacionamento não é exatamente o que eu pensava ter me envolvido!” Fiquei triste pelo homem atencioso e prestativo que eu conheci quase nunca prestar atenção em mim. E quando eu estava fora de sua vista, eu estava definitivamente fora de sua mente. Meu marido, por sua vez, ficou triste por pensar que havia se casado com uma pessoa calma e divertida que, na verdade, era uma bruxa irritada, reclamona e irreconhecível. A segunda etapa As respostas variam diante da constatação de que isso não é exatamente o que vocês esperavam. Eu, por exemplo, disse a mim mesma: “bem, se isso é tudo o que há para o romance, é melhor começar minha família!” (Sim, eu sei, não é a primeira estratégia que eu recomendaria agora!) A resposta do meu marido foi de se afastar de mim porque não era bom estar comigo. Esta é uma escolha completamente compreensível para uma pessoa que possui, como o Dr. John Ratey chama, um "cérebro focado em recompensa". Outros ficam amargos e zangados, culpando o parceiro por suas vidas difíceis ou sofrendo, sem entender como lidar com isso ou sem saber do que precisam. Mas, essa dor precisa ser tratada. Por que é importante sentir o luto Nem todos os casais lutam contra o TDAH e reagem ao TDAH. Mas mesmo que você lute, ainda assim terá algum luto a fazer. Seu relacionamento pode não ser o que você sonhou que poderia ser. Isso não significa que é um relacionamento ruim para você ou que você ou seu parceiro são pessoas más. Apenas significa que você foi atingido pelo "Efeito TDAH" e tem alguns obstáculos a superar antes de encontrar a felicidade que procura. Isso também significa que a forma da sua felicidade provavelmente será um pouco diferente da que você imaginou originalmente. E tudo bem. Entretanto, para chegar lá, é extremamente útil lamentar o fato de seu relacionamento ser diferente do que você esperava. Por que eu sou tão fã do luto? Porque, até que você reconheça e aceite que sua realidade é bem diferente do seu sonho, você não poderá aproveitar totalmente sua vida real. Você se torna refém da sua tristeza e este sentimento permeará muitas de suas interações. E você também pode estar arruinando o relacionamento que tem, agarrando-se ao antigo sonho e tentando transformar seu parceiro na pessoa que você sonhava que ele seria (como eu fiz) ou você pode estar no modo 'lutar ou fugir', atacando ou recuando (como meu marido estava). Nenhum deles funciona para você se conectar. O que está em luto? O luto é olhar para a sua tristeza, arrependimento e dor e chegar ao entendimento de que existem alguns acontecimentos que você não pode mudar. Morte, por exemplo, ou um acidente terrível, ou o fato de seu filho ter câncer - essas são as situações normalmente associadas ao luto. O TDAH também é assim. Sim, vocês dois podem melhorar drasticamente seu relacionamento quando chegarem a um lugar em que vocês aceitem 'o que é' e também aprendam 'o que pode mudar', além das conhecidas estratégias de ajuda. Mas, se você se apegar aos seus sonhos antigos de um relacionamento que não existe, terá problemas para encontrar a felicidade que procura no relacionamento atual. Eu estava conversando recentemente com uma mulher que me disse: "Sou uma 'executora' - meu pai tinha câncer e, até o dia em que ele morreu, eu ainda estava procurando o que o curaria". Enquanto ela agora aceita a morte de seu pai como realidade, ela sofre a perda do relacionamento porque ainda quer acreditar que pode "consertar" o problema do TDAH. Ela não está totalmente errada - temos muita influência sobre como vivemos nossas vidas e os dois parceiros podem fomentar melhorias significativas. Entretanto, há algumas situações que não podemos mudar. Podemos usar a ciência para nos manter saudáveis por muito mais tempo. Podemos usar a ciência da saúde mental para melhorar enormemente a vida do adulto com TDAH. Mas não podemos eliminá-lo completamente.* Vivenciar este luto é entender que não somos tão poderosos quanto gostaríamos de ser e que, embora tenhamos influência, nossa influência é limitada. Como você vivencia este luto? O luto é um processo profundamente individual, por isso compartilharei a minha experiência e a de outros. Depois de muitos anos, não podia mais esperar. Minha tristeza pelo abismo óbvio entre sonho e realidade precisava ser explorada. Então, eu escrevi um diário. Eu li. Conversei com amigos e, às vezes, com meu marido, sobre minha tristeza e sua própria tristeza. Eu me cuidei melhor e aprendi a me amar de novo, de modo a estar em uma posição fortalecida para enfrentar melhor essa dor. Eu explorei o que era minha vida e me reconectei com alguns dos meus valores mais importantes. Com essa exploração, tentei separar o positivo do negativo. Essa busca pelo positivo foi uma parte realmente importante do meu luto. Durante os períodos em que me senti sem esperança, era realmente difícil aceitar 'o que era'. Era muito doloroso! Quando eu pude encontrar algumas partes positivas, era mais fácil dizer 'é isso que é'... e existem maneiras de melhorar as partes boas, ao mesmo tempo em que aprendi a negociar os elementos ruins'. Fiquei triste ao pensar nos anos perdidos, mas também esperançosa em pensar em um futuro melhor. Embora o TDAH não seja mutável, a maneira como lidamos com o TDAH certamente é. Educar-me sobre o TDAH foi fundamental. Quando não entendia o TDAH, interpretei mal os comportamentos sintomáticos - quase sempre de maneira negativa. Como exemplo, sua "distração" foi interpretada como falta de afeto e não como sintoma comportamental, não emocional. Se você não entende o TDAH, é difícil não se sentir amarga quando você (incorretamente) pensa que a pessoa que mais deveria te amar, não te ama mais. Cheguei à conclusão de que éramos duas pessoas boas que haviam se perdido. Que tínhamos dado o nosso melhor (a nossa maneira) e que ambos reagimos de maneiras que eram humanas e compreensíveis. Aprendi que não apenas o TDAH do meu marido era um grande problema, mas também minhas respostas ao TDAH dele. Percebi que o que eu precisava era me perdoar por todas as más escolhas que fiz e perdoar meu marido por todos os maus comportamentos e escolhas que ele também fez. Esse perdão me libertou. Eu cheguei a uma conclusão que me ajudou muito ao passar pela minha dor. Nós dois fizemos o melhor que pudemos, com as informações que tínhamos - que estavam incompletas porque faltava o componente TDAH. É triste porque não sabíamos o que estávamos fazendo. Mas eu não podia me apegar à minha ignorância para sempre. Se eu pudesse aceitar minhas próprias ações e perdoá-las, e aceitar as ações do meu marido e perdoá-las, então poderia colocar minha tristeza de forma contextualizada e seguir em frente. Sim, cometemos muitos erros. Sim, tínhamos sonhos com o relacionamento perfeito, que, agora entendi, se baseavam naquela fase curta e hiperfocada do namoro. Eu entendi porque estava triste e achei que seria bom ficar triste... mas continuar carregando essa tristeza não ajudaria. Após aceitação Depois de encontrar a aceitação, eu estava pronta para dar o próximo passo - perguntando “Quero que essa dor se transforme em quê?” Eu tinha certeza de que precisava criar uma vida em que eu fosse feliz e completa e que, EU, era a melhor pessoa para assumir a responsabilidade por isso. Sou a responsável por minha própria felicidade - não é o meu marido, meus filhos ou qualquer outra pessoa. Assim, eu descobri quem eu queria ser (certamente não era aquela bruxa agressiva!) E comecei a agir dessa nova maneira. Munida de conhecimento, pude tratar melhor meu marido, agora com empatia e respeito. Ele respondeu de forma rápida - assumindo firmemente seus problemas com o TDAH, uma vez que estava menos preocupado com as minhas respostas. Não parei de pedir o que precisava, mas agora o fazia com respeito e pude ver o lado dele e o meu. Eu podia agir de maneira amorosa e diminuir minha raiva. Ver minhas mudanças ajudou a inspirar meu marido a começar a me tratar melhor também. Sim, tivemos solavancos, mas conseguimos. Tudo começou comigo, decidindo que não tinha tanto controle quanto pensava. Esse tipo de mudança não altera o fato de que as brigas do início de nosso relacionamento não sejam tristes. Será sempre triste o fato de termos passado alguns anos que deveriam ter sido felizes em uma luta miserável, assim como sempre será triste o falecimento de minha mãe em idade muito precoce, em 2008, e que ela não possa estar por perto para ver seus netos incríveis. Desta forma, em ambos os casos, perguntar: "No que eu quero que essa dor se transforme?" é uma ferramenta útil. Posso usar as informações e a sabedoria que adquiri (junto com os novos conhecimentos de meu marido) para agarrar a vida e criar alegria - não gerando expectativas em sonhos distantes, mas enxergando o agora, o hoje - com base em quem realmente somos. *Cerca de 20 a 30% das crianças diagnosticadas com TDAH não se qualificam para o diagnóstico de TDAH quando adultas. Ainda não é claro por que isso acontece, embora haja a possibilidade de diagnósticos equivocados e de implementação de fortes estratégias de enfrentamento, atenuando os sintomas do TDAH a ponto de não mais encaixar-se nos critérios. O TDAH adulto, no entanto, não desaparece e, de fato, pode se intensificar com a idade. FONTE: https://www.psychologytoday.com/nz/blog/may-i-have-your-attention/201909/grieving-the-relationship-you-thought-you-had-didnt #TDAH #distraçao #hiperfoco #dopamina #sintomas #sinais #relacionamento #tristeza #luto #dor #estrategia #aceitaçao #transformaçao #responsabilidade #familia #psychologytoday
- LIVRO: Mentes inquietas: TDAH – Desatenção, hiperatividade e impulsividade
Autora: Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva - Médica Psiquiatra, CRM/RJ 5253226/7 Todos já ouvimos falar de crianças hiperativas, que não conseguem ficar paradas, correm de um lado para outro, escalam móveis e vivem “a mil”, como se estivessem plugadas na tomada; ou daquelas desastradas, desajeitadas, que não conseguem prestar atenção em nada, que sonham acordadas e se distraem ao menor dos estímulos. Não raro apresentam dificuldades de aprendizagem e de relacionamento, transformam a sala de aula em campo de batalha, gerando incompreensão de pais, amigos e professores. Frequentemente recebem rótulos de rebeldes, mal-educadas, indisciplinadas, burras, preguiçosas, “cabeças de vento”, birutas, pestinhas… Da mesma forma, é muito comum ouvirmos histórias de adultos (homens e mulheres) desorganizados, enrolados, impacientes, cheios de energia, que estão sempre em busca de algo novo e estimulante, que iniciam vários projetos simultaneamente e os abandonam no meio do caminho. Apresentam altos e baixos repentinos, são impulsivos, esquecem compromissos importantes, perdem objetos constantemente, falam o que lhes dá “na telha”, não param em empregos e trocam de relacionamentos amorosos como se estivessem mudando de roupa. Comportamentos como esses, dependendo da intensidade e da frequência, são característicos do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), popularmente conhecido como hiperatividade, classificado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA) 1.O TDAH se caracteriza por três sintomas básicos: desatenção, impulsividade e hiperatividade física e mental. Costuma se manifestar ainda na infância, e, em cerca de 70% dos casos, o transtorno continua na vida adulta. Ele acomete ambos os sexos, independentemente de grau de escolaridade, situação socioeconômica ou nível cultural, o que pode resultar em sérios prejuízos na qualidade de vida das pessoas que o tem, caso não sejam diagnosticadas e orientadas precocemente. Ao longo do livro, você poderá observar que o transtorno se revela de várias formas: em alguns casos, predomina a desatenção 2; em outros, a hiperatividade e a impulsividade 3; em outros, ainda, todos os sintomas se manifestam simultaneamente 4. Assim, com o único propósito de facilitar a leitura, resolvi utilizar a sigla TDA para designar o déficit de atenção em toda a sua gama de manifestações — com ou sem hiperatividade física — e também para adjetivar as pessoas que apresentam esse modo diferente de ser. Tal denominação (TDA) aparecerá com estes dois sentidos: adjetivo e substantivo. No primeiro caso, quando me refiro ao transtorno em si; no segundo, quando me dirijo ao indivíduo com esse funcionamento mental. A pessoa nasce assim, e, portanto, podemos dizer que ela é TDA. Escrever sobre o assunto foi, de certa forma, a maneira que encontrei de homenagear o ser humano, principalmente no que concerne ao seu talento essencial e potencial criativo, algo que os TDAs têm de sobra. Não importa a proporção ou o alcance de seus feitos — mudar o rumo da humanidade ou de apenas uma vida: o que vale é a vontade de realizar algo novo, de abrir novos caminhos. Longe do conceito de doença, a meu ver o TDA é um funcionamento mental acelerado, inquieto, capaz de produzir, incessantemente, ideias que por vezes se apresentam de modo brilhante ou se amontoam de maneira atrapalhada, quando não encontram um direcionamento correto. Posso imaginar a grande multidão de anônimos deslocados em sua vida neste momento, mergulhados em rotinas desgastantes, considerados inadequados ou incompetentes e que, na verdade, carregam na mente tesouros para a humanidade. Também não são poucos os pais — aflitos e exaustos com o caos ocasionado por seus travessos e avoados rebentos — que acreditam ter “falhado” na educação dos filhos. Até hoje, a desinformação acerca do assunto é um dos maiores entraves na vida de um TDA. Por isso, este livro me parece ser um jeito de contribuir para que pessoas com esse comportamento mental (ou as de seu convívio) possam encontrar respostas a tantas indagações, angústias e sofrimentos ao longo da vida. Quem sabe, a partir daí, seja possível dar início ou continuidade ao processo vital e inerente a cada ser humano: a busca da sua felicidade. Não restam dúvidas de que esse processo só pode ser concluído quando talentos e potencialidades forem despertados e direcionados não somente à realização individual, como também em prol de uma sociedade. Afinal, só o saber constitui o verdadeiro poder, tão necessário às mudanças reais. É interessante que, quando penso em TDA, logo me vem à mente a história do Patinho Feio, que acompanhou minha infância e a muitas crianças ainda emociona. Criado como se fosse um pato e considerado diferente dos demais, ele foi rejeitado pela própria mãe. Seu andar desengonçado e sua aparência estranha provocavam risos e desprezo em todos os outros animais. Triste e sozinho no mundo, um dia viu sua imagem refletida num pequeno lago. Percebeu que não era um pato e tampouco feio. Descobriu-se um belo cisne e juntou-se aos seus pares para uma nova vida. No dia a dia, encontramos pessoas que transformam suas histórias comuns em verdadeiros exemplos de criatividade, ousadia e coragem. São muitos TDAs que, de alguma forma e intuitivamente, conseguiram encontrar sozinhos um caminho que lhes possibilitou o aproveitamento de suas habilidades naturais. No entanto, muitos outros permanecem perdidos, tolhidos e inconscientes dos seus próprios talentos, achando-se inferiores e incapazes de colocar em prática os seus projetos mentais. Travam lutas diárias consigo mesmos, percorrem trilhas tortuosas e malsucedidas em busca de ajuda profissional e passam a crer que não servem para nada. São “patinhos feios” tentando, desesperadamente, entender seus desacertos, sonhando com o dia em que se transformarão em belas aves autoconfiantes, cumprindo seus propósitos. Desde a primeira publicação de Mentes inquietas, em 2003, pude perceber que inúmeros leitores se identificavam com a narrativa e os relatos ali descritos e, sem querer, viam-se diante de um espelho em que suas histórias pessoais se refletiam com riqueza de detalhes. Felizmente, muitos procuraram por ajuda especializada, e hoje grande parte deles aceitou e entendeu seu modo de ser, mudou sua maneira de agir e pensar e conseguiu canalizar seus impulsos e ideias para algo realmente produtivo. Transformaram-se em cisnes reais. Nesta nova publicação, foram feitas várias alterações, que os leitores das edições anteriores perceberão; a começar pelo ajuste no subtítulo e pela nova sigla que passei a adotar – antes DDA, agora TDA. As medicações utilizadas para minimizar os desconfortos causados pelo transtorno foram atualizadas e, por fim, acrescentei um tópico com dicas para o gerenciamento do TDA na escola. Acredito que o esforço de pais, educadores e terapeutas faz a grande diferença para que os TDAs possam reconstruir sua autoestima e despertar o que têm de melhor: o seu potencial criativo. Nunca me propus a desenvolver uma obra com abuso de termos técnicos ou de profundidade tamanha a dificultar a leitura do leigo. Deixo isso para os livros acadêmicos, as pesquisas e os artigos científicos. Uma abordagem técnica, aqui, só aumentaria a lacuna que existe entre aquele que sofre e a informação de que necessita para dar o primeiro passo rumo ao seu conforto vital. Procurei uma linguagem clara, fluida, de fácil entendimento e com ilustrações de casos obtidos por meio da minha prática clínica diária. Busquei dar destaque à essência TDA e, como uma “escafandrista”, tentei apresentar facetas íntimas desse universo que, embora já amplamente divulgado, ainda é pouco conhecido pelos profissionais de saúde, de educação e do grande público em geral. Acredito que o esforço de pais, educadores, terapeutas e da sociedade como um todo faz a grande diferença para que os TDAs possam reconstruir sua autoestima e despertar o que tem de melhor: o seu potencial criativo. Espero iniciar aqui a abertura, mesmo que de modo parcial, do grande leque que o termo TDA representa. __________________________________________________ 1 Descrito em DSM‑IV‑TR: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 4ª edição, texto revisado. 2 Tipo predominantemente desatento. 3 Tipo predominantemente hiperativo-impulsivo. 4 Tipo combinado. FONTE: http://draanabeatriz.com.br/portfolio/mentes-inquietas-tdah-desatencao-hiperatividade-e-impulsividade-intro/ #TDAH #deficit #atençao #desatençao #hiperatividade #impulsividade #mentesinquietas #livro #TDA #criatividade #DSM
- Mindfulness - Atenção Plena - e Terapia EMDR
AUTOR: Jason Linder, MA, LMFT, é um terapeuta licenciado bilíngue (espanhol-inglês) e doutorando (PsyD) na California School of Professional Psychology em San Diego. (Tradução Livre) Ambas são terapias poderosas que podem trabalhar em conjunto para transformar seu sofrimento. Embora eu trabalhe com casais que usam Terapia Emocionalmente Focada e, é claro, Atenção Plena, sou principalmente um terapeuta da EMDR. EMDR significa Dessensibilização e Reprocessamento do Movimento Ocular. Tudo começou com um tratamento de trauma destinado a reduzir sintomas como hipervigilância, lembranças intrusivas e distúrbios relacionados ao retorno de soldados da Guerra do Vietnã e mulheres que foram abusadas sexualmente. Alcançou resultados no final dos anos 80 (Shapiro, 1989). Foi originalmente chamado Dessensibilização dos Movimentos Oculares - EMD - até 1990, quando o "R", que significa Reprocessamento, foi adicionado para mudar de EMD para EMDR, uma abordagem mais abrangente de tratamento. Francine Shapiro, criadora do EMDR, transformou o EMD de sua conceitualização inicial como Dessensibilização básica de um sintoma de trauma para um paradigma de Processamento de Informações mais integrador, agora conhecido como EMDR. O EMDR é usado regularmente por inúmeros médicos para evocar afetos positivos e mudanças profundas nas crenças centrais e nos comportamentos relacionados, em vez de apenas aliviar os sintomas. Atualmente, após 30 anos de progresso em pesquisa e desenvolvimento clínico, os terapeutas EMDR tratam uma variedade de problemas de saúde mental e experiências adversas de vida (Shapiro, 2012). Shapiro (2017) também afirmou que o EMDR pode trabalhar com questões que muitos médicos consideraram intratáveis, como para pessoas diagnosticadas com transtornos de personalidade, reprocessando as memórias subjacentes à presente disfunção. A terapia EMDR é baseada no modelo de Processamento Adaptativo de Informações - PAI, que Shapiro desenvolveu originalmente como uma hipótese de trabalho, com base na observação clínica. É responsável pela velocidade dos resultados clínicos alcançados pelo EMDR (Shapiro, 2017). Devido à orientação comportamental original de Shapiro em seu treinamento clínico como estudante de pós-graduação, o EMDR foi influenciado pela noção de Pavlov de Sistemas de Processamento de Informações conhecidos na psicologia popular como "condicionamento clássico" e modelos recentes de processamento neuropsicológico (Christman, Garvey, Propper & Phaneuf, 2003). O PAI é baseado na capacidade natural de nossas mentes de processar o que acontece conosco de maneira saudável e adaptável. No entanto, experiências significativamente estressantes podem sobrecarregar a capacidade natural de processamento e cura do cérebro. Quando as informações relacionadas a uma ocorrência particularmente estressante são processadas ineficazmente, as percepções iniciais podem ser armazenadas essencialmente como foram originalmente codificadas, juntamente com quaisquer pensamentos, imagens, sensações ou percepções distorcidas experimentadas quando isso ocorreu (Shapiro, 2007). O PAI faz parte da propensão natural do corpo à cura, fisiologicamente programado para curar-se quando ferido. Uma metáfora útil é a de um corte na pele que cicatriza naturalmente em uma semana, mas não se houver uma farpa presa. Nessa metáfora, a farpa pode representar uma memória disfuncionalmente armazenada (geralmente uma experiência traumática, mas nem sempre), que o EMDR ajuda a remover para que a mente possa curar-se naturalmente, ativando seu PAI. Após um curso bem-sucedido da terapia com EMDR, os sobreviventes de trauma podem aprender a abordar situações com tranquilidade e flexibilidade, mas com cuidado apropriado. Isso é consistente com a ativação do PAI, a integração de memórias não curadas nas redes de memórias mais amplas, inatas e adaptáveis à vida. Nesse sentido, do ponto de vista do EMDR, o TEPT – Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode ser referido como um “distúrbio do processamento da informação” (Schubert & Lee, 2009), vendo o processamento da memória e seu tipo de armazenamento como patológico, em vez do próprio evento traumático. O EMDR estimula o cérebro de forma que o leva a trabalhar memórias não processadas ou não curadas, chegando a uma restauração natural e resolução adaptativa, diminuição da carga emocional - dessensibilização ou o "D" do EMDR - e vinculação a redes de memória positiva - reprocessamento, ou o "R" do EMDR. Na terapia EMDR, as memórias disfuncionalmente armazenadas - isoladas e presas ao Sistema Límbico em sua forma bruta e original - passam para o Neocórtex, na forma de memória semântica. Este novo formato semântico da memória ajuda na elaboração emocional e fisiológica das redes de memória existentes, criando uma narrativa pessoal coerente (Wesselmann & Potter, 2009). Verificou-se ainda que a terapia EMDR acalma o Sistema Nervoso Simpático reativo associado a experiências traumáticas, diminuindo diretamente a excitação fisiológica (Marich, 2011; Parnell, 2010; Shapiro, 2012, 2017). Portanto, quando uma memória é processada inteiramente, posteriormente ela pode ser acessada, porém não mais controla o sujeito; ele consegue resgatar a informação, entretanto não experimenta mais as velhas sensações, emoções e autoconceito desadaptativo no presente (Shapiro, 2017). Como evidência, Shapiro (2017) afirmou que as vítimas de abuso começaram o EMDR com um autoconceito negativo em relação ao abuso e terminaram com um senso positivo de autoestima, e que o contrário nunca aconteceu. A ativação do PAI, inato ao cérebro, é o principal foco na terapia de EMDR. Então, aqui encontramos como EMDR e Mindfulness - Atenção Plena - se conectam. A renomada treinadora de EMDR, Dra. Laurel Parnell, é interessada em Atenção Plena desde 1972: a analogia de olhar para sua própria mente e usá-la como laboratório para descobrir suas próprias verdades a atraiu para o treinamento e os retiros de Atenção Plena. Ela completou vários retiros silenciosos com os pioneiros da Atenção Plena, Jack Kornfield e Joseph Goldstein. Semelhante ao EMDR, muitos monges tibetanos usam visualização e imagens para ajudar a cultivar qualidades: como compaixão, poder e sabedoria. Jean Klein ensinou yoga em seus retiros, enfatizando o reconhecimento do corpo em um nível profundo, microscópico. A prática da Atenção Plena nos ajuda a experimentar o que está por vir como informação, em vez de algo a ser julgado ou descartado. Na minha prática terapêutica com meus clientes, integro regularmente a Atenção Plena e o EMDR. Na verdade, o EMDR é fundamentalmente uma terapia de Atenção Plena, eles andam de mãos dadas. Se você leu algum dos meus posts anteriores, saberá que a Atenção Plena é amplamente definida como consciência sem julgamento de tudo o que surge com Curiosidade, Abertura, Não julgamento, Compaixão e Aceitação (um acrônimo que uso frequentemente ao discutir a Atenção Plena como CANCA). Os terapeutas do EMDR mantêm uma postura atenta a todos os conteúdos traumáticos relacionados aos clientes; tudo surge como um fenômeno a ser testemunhado, que despersonaliza os eventos traumáticos direcionados ao processamento. Da mesma forma, as terapias de EMDR e de Atenção Plena são orientadas ao presente, ajudando os clientes a perceber o que estão experimentando e sentindo como eventos transitórios na consciência, como algo não fixo, sem julgamento e sem autocrítica. Ambos podem ser brevemente resumidos como essencialmente no tempo presente, com consciência não-julgadora que pode levar à cicatrização transformadora. Ambos envolvem a confiança no processo à medida que se desenrola organicamente, o que Alan Watts (1951) chamou de "sabedoria da insegurança". Como apontam os treinadores do EMDR Jaime Marich e Stephen Dansiger, eles naturalmente se complementam. Geralmente, os terapeutas de EMDR e seus clientes estão tratando os movimentos em direção à cura - ativação do PAI. A única diferença é que o EMDR é abertamente orientado a objetivos, ajudando o cliente a uma resolução adaptável de memórias estressantes, enquanto a Atenção Plena propositalmente não é – entretanto, ironicamente pode se tornar um pouco orientada a objetivos se você considerar, em primeiro lugar, o porquê de estar praticando Atenção Plena. REFERÊNCIAS: Shapiro, F. (2007). EMDR, adaptive information processing, and case conceptualization. Journal of EMDR Practice and Research, 1(2), 68-87. Shapiro, F. (2017). Eye movement desensitization and reprocessing (EMDR): Basic principles, protocols, and procedures. (3rded.). Guilford Press. Shapiro, F. (2012). EMDR as an integrative psychotherapy approach: Experts of diverse orientations explore the paradigm prism, 289-318. American Psychological Association. Shapiro, F. (1989). Efficacy of the eye movement desensitization procedure in the treatment of traumatic memories. Journal of traumatic stress, 2(2), 199-223. Schubert, S., & Lee, C. W. (2009). Adult PTSD and its treatment with EMDR: A review of controversies, evidence, and theoretical knowledge. Journal of EMDR Practice and Research, 3(3), 117-132. Parnell, L. (2013). Attachment-focused EMDR: Healing Relational Trauma. WW Norton & Company. Christman, S. D., Garvey, K. J., Propper, R. E., & Phaneuf, K. A. (2003). Bilateral eye movements enhance the retrieval of episodic memories. Neuropsychology, 17, 221–229. FONTE: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/mindfulness-insights/201906/mindfulness-and-emdr-therapy #EMDR #atençaoplena #mindfulness #cura #neuropsicologia #movimentosoculares #memoriasemantica #francineshapiro #JasonLinder #LaurelParnell
- Nova edição do “IPq Portas Abertas” traz enfoque em suicídio e saúde mental
A nona edição do evento incluirá palestras sobre diversas áreas da psiquiatria e atividades que priorizam a preservação da mente O evento IPq Portas Abertas, organizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, retorna em setembro, com sua nona edição, e o foco este ano é o suicídio. Iniciado em 2011, o objetivo do evento é o combate ao preconceito contra os transtornos psiquiátricos e seus tratamentos. Quem explica como isso é feito e como funciona o evento é o professor Taki Cordás, do IPq. O professor, que faz parte da organização, comenta que as palestras abordarão uma diversidades de temas do meio, como depressão, ansiedade, transtornos alimentares e demais transtornos psiquiátricos. Além das palestras, ocorrerão também diversas atividades focadas na melhora do estilo de vida e preservação da saúde mental. O IPq Portas Abertas acontece dia 06 de setembro, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, na Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785 - Cerqueira César, São Paulo. Tem início às 8h e encerramento às 17h. O evento é gratuito, e as inscrições devem ser realizadas diretamente no site do evento. ESCOLHA 5 PALESTRAS E FAÇA SUA INSCRIÇÃO GRATUITAMENTE!! FONTE: https://jornal.usp.br/atualidades/nova-edicao-do-ipq-portas-abertas-traz-enfoque-em-suicidio-e-saude-mental/ #IPq #portasabertas #suicidio #saude #USP #jornal #depressao #ansiedade #transtornosalimentares
- Os mistérios e a infinita capacidade da nossa memória - Globo Repórter
Nesta sexta (2), o Globo Repórter mostrou os novos caminhos para fortalecer o cérebro e fugir do esquecimento. Veja o que a ciência recomenda hoje! Verdadeiro ou Falso? Veja o que é mito ou verdade quando o assunto é memória. Atenção e emoção são os maiores reforços para a nossa memória. Verdadeiro ✅ A porta de entrada da memória é a atenção, algo muito difícil de manter no bombardeio de informações do mundo atual. Especialistas explicam que, além da atenção, o que vai fixar a informação no cérebro é a emoção. As duas juntas são os maiores reforços para a nossa memória. Existem comidas específicas que ajudam na memória. Verdadeiro ✅ A Dieta Mind foi criada a partir de uma pesquisa feita em um centro de Alzheimer de Chicago, nos Estados Unidos. Segundo esta dieta, há dez tipos de alimentos saudáveis principais que devem ser consumidos. Quase mil pessoas com mais de 50 anos foram acompanhadas durante cinco anos nesta pesquisa. Quem adotou a dieta teve menos perda de memória. A Mind funciona como prevenção ao longo da vida. A alface é o alimento principal da Dieta Mind, a dieta da memória. Falso ❌ Rainha de todas as dietas, a alface não é indicada para a Mind. Nesta dieta se indica o consumo de verduras com folhas mais escuras, como couve, espinafre e agrião. Atividade física não faz diferença quando o assunto é memória. Falso ❌ Uma pesquisa da Unicamp investigou a memória de 40 idosos e o que os especialistas revelaram é: a atividade física melhora a qualidade de vida, inclusive na questão da memória. O grupo que fez exercícios regulares três vezes por semana apresentou um aumento de volume no hipocampo e um melhor desempenho em testes de memória depois de seis meses. Já o grupo que não treinou apresentou declínio ainda maior na memória. Métodos de memorização de estudo valem para todas as pessoas. Falso ❌ O Globo Repórter mostrou a história do Gabriel, que inventou um método colocando bilhetes na parede do quarto para se lembrar de tudo que tinha estudado. Mas atenção: cada aluno deve buscar o método que se adapta melhor. Alguns preferem música, escrita, leitura. Tanto faz o seu. Se aprimore e saiba o que funciona melhor para você. Os jovens também sofrem com o esquecimento. Verdadeiro ✅ Se engana quem acha que os problemas de memória só chegam quando a idade avança. Apesar da energia de sobra, os jovens enfrentam outros inimigos silenciosos da memória. Eles dizem que a pressão, a agitação e o estresse atrapalham muito, principalmente na escola, onde o cérebro é tão cobrado. No caso dos jovens, a ansiedade é a maior inimiga. E a meditação é o antídoto para evitar lapsos e esquecimentos. Hormônio liberado durante o exercício pode ajudar a evitar a perda de memória. Verdadeiro ✅ Um estudo da UFRJ publicado na revista 'Nature Medicine' revelou este ano que o hormônio chamado irisina é liberado durante os exercícios e tem a capacidade de recuperar a memória em animais com Alzheimer. A próxima etapa é tentar comprovar se a irisina vai ter um efeito benéfico na memória em humanos. Histórias carregadas de emoção são as mais resistentes na cabeça das pessoas. Verdadeiro ✅ Quem estuda o cérebro afirma que as memórias dolorosas chegam sempre mais cheias de detalhes e também são mais difíceis de esquecer. Inclusive para os mais velhos. Coisas que têm relevância emocional, por exemplo, são mais facilmente armazenadas do que quando você quer estudar para uma prova cujo tema não está muito interessado ou não te causa muito impacto emocional. FONTE: https://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2019/08/02/veja-na-integra-o-globo-reporter-que-investigou-os-misterios-da-nossa-memoria.ghtml #memória #neuropsicologia #cognitivo #atenção #emoção #neurociências #irisina #alzheimer #meditacao #ansiedade #exerciciofisico #hc #unicamp #ufrj #globoreporter #mind
- Brasileiro recebe prêmio científico nos EUA
André Julião | Agência FAPESP – O pesquisador Felipe Fregni, professor associado da Harvard Medical School e professor visitante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP, foi um dos contemplados com o Presidential Early Career Award for Scientists and Engineers - PECASE - em 2019, maior honraria científica concedida pelo governo dos Estados Unidos para jovens pesquisadores. Fregni coordena, desde 2018, o projeto “O déficit da inibição como marcador de neuroplasticidade na reabilitação”, financiado pela FAPESP por meio da modalidade São Paulo Excellence Chair - SPEC - e conduzido com pesquisadores do Departamento de Reabilitação da FMUSP. Nos Estados Unidos desde 2003, Fregni, 44 anos, é diretor do Centro de Neuromodulação no Hospital de Reabilitação Spaulding, em Boston. A cerimônia de premiação será realizada pela Casa Branca hoje, dia 25, no DAR Constitution Hall, em Washington, onde os premiados deverão ser recebidos pelo presidente Donald Trump. Criado em 1996, o PECASE é destinado a cientistas e engenheiros reconhecidos como jovens lideranças em ciência e tecnologia. A última edição do prêmio ocorreu em 2016. A pesquisa busca entender os mecanismos de neuroplasticidade envolvidos no processo de reabilitação motora. Em um grupo de cerca de 500 voluntários, com quatro diferentes condições (que sofreram acidente vascular cerebral, lesão medular, amputações ou osteoartrose), os pesquisadores utilizam diferentes técnicas de ressonância magnética e medições eletrofisiológicas – antes e depois do período de reabilitação – a fim de compreender os mecanismos de neuroplasticidade envolvidos na recuperação de movimentos. Fregni explica que o objetivo é encontrar os chamados biomarcadores neurofisiológicos, que ajudarão no aperfeiçoamento científico e terapêutico da reabilitação. “Queremos entender como essas redes inibitórias estão relacionadas aos desfechos clínicos e usar isso justamente para desenvolver novos tratamentos”, disse à Agência FAPESP. “Temos cerca de 80 bilhões de neurônios. Para falar, por exemplo, é preciso inibir boa parte deles para ativar uma rede neuronal muito menor, que vai mexer os músculos da boca e da língua, entre outros. Pacientes em coma, por exemplo, têm desorganização cerebral, ou seja, tudo funciona ao mesmo tempo de forma desordenada. As redes inibitórias são importantes para fazer essa organização cerebral. Nossa hipótese é que elas têm um papel fundamental na reabilitação”, disse Fregni. Segundo o pesquisador, o projeto é uma decorrência da intensa colaboração que mantém com o Brasil desde que se mudou para os Estados Unidos. “Não tenho dúvida de que esse fator foi fundamental para receber essa honraria. De certa forma, estou dividindo o prêmio com os parceiros brasileiros”, disse. Os vencedores do PECASE são escolhidos pelos National Institutes of Health e indicados por diferentes órgãos governamentais ligados à saúde e pesquisa científica em todos os estados americanos. Fregni foi indicado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. O pesquisador conta que soube da indicação há dois anos e ficou surpreso quando recebeu a notícia de que foi um dos contemplados, no anúncio oficial ocorrido no dia 2 de julho. FONTE: http://agencia.fapesp.br/lider-de-projeto-spec-fapesp-ganha-prestigioso-presidential-early-career-award-dos-eua/31047/ www.nsf.gov/awards/pecase.jsp #Fregni #premio #cientifico #ciencia #tecnologia #pecase #eua #scientists #engineers #cerebro #neuroplasticidade #neuromodulaçao #neuronios #reabilitaçao #biomarcador #AVC #pesquisador #fapesp #fmusp
- Neurocientista brasileira da Rede Sarah recebe prêmio internacional
A neurocientista e presidente da Rede Sarah de hospitais, Lúcia Willadino Braga, recebeu ontem, no Rio de Janeiro, o prêmio Distinguished Career Award, da Sociedade Internacional de Neuropsicologia (INS, na sigla em inglês). O prêmio é concedido a cientistas com anos de carreira, que tenham dado contribuições importantes para o setor. Há 40 anos na Rede Sarah, Lúcia é a primeira pessoa latino-americana a receber a premiação. "O que eu acho legal deste momento é que o Brasil faz parte da construção do conhecimento internacional em neurociência. Então, nós estamos gerando o conhecimento. Isso é muito importante para o país", diz Lúcia. Agência Brasil: De quarenta anos para cá mudou muito na neuropsicologia? Lúcia Braga: Nessa época só tinha o raio-X, nem tomografia havia. Então, tudo a gente tinha que provar pelo comportamento. E hoje, a gente pode comprovar as mudanças no comportamento e as mudanças que ocorrem no cérebro. Hoje, a gente entende muito mais o cérebro. Depois que vieram os equipamentos de neuroimagem, a gente pôde ver o cérebro funcionando, ficou muito mais profunda a nossa análise sobre tudo o que acontece no cérebro e começamos a descobrir muitas coisas que nós não sabíamos. Os últimos anos têm tido inúmeras descobertas, por parte de todos nós, neurocientistas, em função de ganhos tecnológicos de diagnósticos. Agência Brasil: Aos 50 ou 60 anos a pessoa tem que continuar a estudar, para manter a neuroplasticidade? Lúcia Braga: Vou mostrar em minha palestra [no segundo dia do encontro] o que muda na substância cinzenta e na substância branca do cérebro quando a gente aprende. Então, isso é a importância do aprender. O estudo é permanente e você pode continuar desenvolvendo novas redes neuronais depois dos 50 ou 60 anos. Pode e deve. Antes, se achava que não se podia mais. Que a partir de um momento você já estava com o cérebro construído. O que há, é uma especialização do cérebro durante a vida. O cérebro do adulto já está mais organizado que o da criança, que tem mais plasticidade. Mas não significa que esteja estagnado. A gente tem que continuar em frente. Aprendendo coisas, trocando ideias, trocando conhecimentos. Toda a aprendizagem exercita o cérebro. Agência Brasil: Como funciona a Rede Sarah? Tem aporte privado? Lúcia Braga: A Rede Sarah é 100% pública. E isso prova que o serviço público pode funcionar, sim. Com boa gestão, transparência, governança e cuidado, a gente vai mostrando que nós temos todo um Brasil possível. Precisamos olhar mais para esse país. São nove unidades. Temos hospitais em Brasília, São Luís, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Macapá, Rio de Janeiro. Atendemos 1,7 milhão de pessoas por ano. Fazemos um atendimento todo humanista, com evidências científicas. É um atendimento todo público. A entrada é pelo site. Basta a pessoa entrar. Quem não tem acesso por internet, pode ligar. FONTE: https://www.istoedinheiro.com.br/neurocientista-brasileira-da-rede-sarah-recebe-premio-internacional/ #neuropsicologia #neurociencias #premio #internacional #sarah #hospital #DistinguishedCareerAward #luciabraga #cerebro #neuroplasticidade #conhecimento
- Esquizofrenia Infantil: envolve delírios, alucinações ou discurso desorganizado
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica, grave que leva a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e emoções. Geralmente tem seu início no final da adolescência ou início da fase adulta. Porém, a esquizofrenia de início precoce é definida como o aparecimento de sintomas psicóticos específicos e prejuízos nas funções adaptativas entre os 13 e os 17 anos. E a esquizofrenia de início muito precoce aparece antes dos 13 anos de idade. Os critérios diagnósticos para esquizofrenia em crianças são os mesmos para a forma adulta, exceto que as crianças deixam de atingir os níveis esperados de desempenho social e acadêmico. A imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre a realidade e a fantasia tornam difícil o diagnóstico da esquizofrenia em crianças, principalmente, com idade abaixo dos sete anos. A esquizofrenia é uma condição crônica que requer tratamento ao longo da vida. Identificar e iniciar o tratamento para a esquizofrenia na infância o mais cedo possível pode melhorar significativamente o resultado a longo prazo da criança. Ela envolve uma série de problemas cognitivos (do pensamento), comportamento e emoções, podendo resultar na presença de alucinações (percepções irreais, como escutar vozes), delírios (crenças irreais), pensamentos e comportamentos extremamente desordenados que prejudicam a capacidade funcional da criança. As primeiras indicações de esquizofrenia na infância podem incluir problemas de desenvolvimento, tais como: atrasos na linguagem; rastreamento tardio ou invulgar; caminhada tardia; outros comportamentos motores anormais – por exemplo, balanço ou batimento do braço. Alguns destes sinais e sintomas também são comuns em crianças com Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, como os Transtornos do Espectro do Autismo. Portanto, excluir esses transtornos do desenvolvimento é um dos primeiros passos no diagnóstico. Procurar aconselhamento médico se o seu filho: * Tiver atrasos de desenvolvimento em comparação com outros irmãos ou colegas; * Parar de realizar atividades diárias, como tomar banho ou vestir-se; * Não quiser mais se socializar; * Estiver apresentando um baixo desempenho acadêmico; * Apresentar estranhos rituais alimentares; * Demonstrar excessiva suspeita dos outros; * Mostrar uma falta de emoção ou mostrar emoções inadequadas para a situação; * Apresentar ideias e medos estranhos; * Confundir sonhos ou programas de televisão com a realidade; * Apresentar ideias, comportamentos ou falas estranhos; * Tiver comportamento violento ou agressivo ou agitação. Estes sinais e sintomas gerais não significam necessariamente que o seu filho tem esquizofrenia na infância. Poderiam indicar uma fase, outro transtorno de saúde mental, como depressão ou um transtorno de ansiedade, ou uma condição médica. Procure atendimento médico o mais rápido possível se tiver dúvidas sobre o comportamento ou desenvolvimento de seu filho. FONTE: https://hospitalsantamonica.com.br/saude-mental-infantojuvenil/esquizofrenia-infantil/ #esquizofrenia #infantil #tea #autismo #delirio #alucinaçao #agitaçao #agressividade
