Teoria da Mente: Como Aprendemos a Entender Uns aos Outros
- Livia Furlan Barbosa Carreira
- há 7 minutos
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A Teoria da Mente – ToM (Theory of Mind) - é um dos aspectos mais básicos da vida humana, permitindo-nos inferir os valores e objetivos de outros humanos e prever o seu comportamento (Navarro, 2022).
Este artigo examina a fascinante área da ToM, respondendo a algumas perguntas-chave, como: O que é? Por que é importante? E como testamos isso?
Este artigo contém:
• O Que é a Teoria da Mente? Uma Definição
• 3 Exemplos de Teoria da Mente
• Testes de Teoria da Mente
• Os 4 Estágios de Desenvolvimento
• Diferenças entre Culturas
• ToM e os Transtornos do Neurodesenvolvimento
• Críticas Populares à Teoria da Mente
• Uma Mensagem para Levar para Casa
• Perguntas Frequentes
• Referências
O Que é a Teoria da Mente? Uma Definição
“A Teoria da Mente - ToM - é considerada a capacidade de entender as crenças, o conhecimento e as intenções dos outros com base em seu comportamento” (Navarro, 2022, p. 1).
O termo foi usado pela primeira vez em relação à capacidade dos chimpanzés de inferir os objetivos humanos. Desde então, tornou-se uma perspectiva vital, oferecendo insights sobre como somos capazes de descobrir e prever o comportamento de nossa família, parceiros e colegas de trabalho - na verdade, de todos com quem nos conectamos (Navarro, 2022; Miller, 2022).
A ToM continua a receber muita atenção em pesquisas, com mais de 7.000 artigos e mais de 1.000 livros escritos sobre o assunto. Ela foi estudada em conexão com vários outros construtos essenciais, incluindo (Navarro, 2022):
• Comunicação
• Compreensão da crítica
• Engano
• Brincadeira e mentira
• Ironia
• Competência da linguagem pragmática
• Resolução de problemas
• Transtorno do Espectro Autista - TEA
• Esquizofrenia
A ToM é muito representativa no que significa “humano” porque reconhece que "a cognição social humana é fundada em uma compreensão de nós mesmos e dos outros em termos de nossos estados internos, mentais e psicológicos" (Wellman, 2015, p. 2).
Por que é importante?
ToM é vital para nossas interações diárias com as pessoas. Ela nos permite entender e interpretar os pensamentos, crenças e emoções alheias, embora nem sempre corretamente. Como tal, é essencial para construir a empatia e a comunicação eficaz (Navarro, 2022).
Prever e antecipar o comportamento dos outros nos ajuda a fazer julgamentos sólidos e decisões apropriadas em situações sociais, apoiando a empatia e a compreensão, ao mesmo tempo que reduz a probabilidade de (e resolvendo) conflitos (Navarro, 2022).
ToM também é uma parte essencial do desenvolvimento social e cognitivo e, quando interrompido ou limitado, pode restringir a capacidade de uma criança de se comunicar e se relacionar com outras pessoas em suas vidas (Wellman, 2015).
3 Exemplos de Teoria da Mente
Os exemplos a seguir destacam a importância da ToM para a comunicação e a compreensão das pessoas ao nosso redor. Eles também representam a diversidade do foco de pesquisas.
Chimpanzés
Trinta anos após o estudo seminal de David Premack e Guy Woodruff (1978), os pesquisadores revisitaram a questão: "O chimpanzé tem uma teoria da mente?" (Call & Tomasello, 2008, p. 1).
Call e Tomasello (2008) revisaram e avaliaram a riqueza de pesquisas ao longo de três décadas e encontraram muitos indicadores que apoiam a ideia de que os chimpanzés têm um grau de compreensão dos objetivos e intenções dos outros.
Os chimpanzés parecem ser capazes de compreender que as pessoas que estão observando pode ter uma crença que contradiz a sua, como onde a comida está escondida. O chimpanzé, portanto, se comporta com base no que sabe e no que os outros sabem (Call & Tomasello, 2008).
Crianças
A ToM das crianças se desenvolve a partir dos 2 anos de idade, quando elas começam a "entender que as outras pessoas têm estados mentais, que influenciam suas ações e comportamento" (Lord, 2022, p. 131).
À medida que a ToM das crianças se desenvolve, elas têm mais probabilidade de confortar, cooperar e ajudar os outros. Também está ligada a um melhor desempenho nas escolas.
Por exemplo, por volta dos 4 anos de idade, elas se conscientizam de que seus próprios pensamentos podem não ser precisos, o que também pode acontecer com outras pessoas. Se elas abrem uma caixa de doces e ficam surpresas ao encontrar giz de cera dentro, elas reconhecem que os outros também podem se iludir, também podem ser enganados (Lord, 2022; Woolfolk, 2021).
Inteligência Artificial
Afirmações de que avanços recentes na inteligência artificial generativa - IA - levaram a uma ToM artificial, feitas por Michal Kosinski, psicólogo da Stanford Graduate School of Business, foram amplamente rejeitadas (Whang, 2023).
Embora os chatbots mostrem uma capacidade surpreendente de manter uma conversa com indivíduos e as redes neurais possam exibir um alto grau de precisão no reconhecimento de rostos, não é o mesmo que a ToM.
Um teste que Kosinski apresentou em apoio ao seu argumento sugere que uma IA estava correta em prever se outro indivíduo poderia pensar que uma bola de gude ainda estava em uma caixa quando foi movida sem que eles vissem isso acontecer (Whang, 2023).
No entanto, isso foi contestado experimentalmente pelos críticos, sugerindo que a forma como o prompt de conversação foi escrito afetaria o resultado (Whang, 2023).
Testes de Teoria da Mente
Os testes de ToM são valiosos para entender o grau em que os indivíduos (ou mesmo a IA) podem entender e interpretar os estados mentais dos outros (Navarro, 2022).
Vários exemplos incluem:
Tarefa de Crença Falsa
A primeira tarefa desenvolvida para avaliar a ToM foi a Tarefa de Crença Falsa, frequentemente usada com crianças entre 4 e 5 anos (Bernstein et al., 2011).
Ela envolve apresentar dois cenários para a criança: um em que um personagem tem uma crença falsa e o outro em que um personagem diferente tem uma crença verdadeira.
A criança então recebe perguntas ou recebe tarefas para avaliar a sua capacidade de reconhecer e entender que os outros (neste caso, os personagens) podem ter crenças diferentes (Bernstein et al., 2011; Navarro, 2022).
Bateria de Tarefas da Teoria da Mente
A Bateria de Tarefas da Teoria da Mente foi desenvolvida para fins clínicos para avaliar as competências da ToM nos clientes. Envolve um conjunto de 15 perguntas em nove tarefas, apresentadas como frases curtas (Theory of Mind Inventory-2, 2020).
Normalmente, o teste é apresentado em um formato de livro de histórias e é adequado para crianças e indivíduos não verbais que podem responder apontando (Theory of Mind Inventory-2, 2020).
Os criadores do teste oferecem um tutorial útil, explicando como usá-lo com os clientes.
Tarefa de Desejo Diverso
A criança recebe duas imagens que variam em nível de desejo, por exemplo, uma cenoura e um biscoito. O pesquisador ou conselheiro desenvolve uma conversa semelhante à seguinte (Psychology at Staffordshire University, 2020):
“Aqui estão dois lanches diferentes. Qual você gostaria mais?”
Em seguida, o adulto apresenta um fantoche ou modelo chamado Farmer Tom (fazendeiro).
“Farmer Tom realmente gosta de cenouras, mas não gosta de biscoitos.
Então, agora é hora do lanche. Qual você acha que Farmer Tom escolherá?”
Para passar no teste, a criança deve selecionar o lanche correto (cenouras) para o fazendeiro, apesar de sua preferência pessoal (provavelmente ser de biscoitos).
Tarefa de Emoção Real-Aparente
Entender as emoções dos outros é essencial para uma criança em desenvolvimento. Nesta tarefa, a criança é testada em sua capacidade de identificar como a outra pessoa (ou personagem) se sente e quais emoções ela demonstra (Psychology at Staffordshire University, 2020).
Aqui está um exemplo:
Uma silhueta de um garotinho chamado Sam é colocada na mesa ao lado de três emojis de rosto: feliz, triste e um intermediário.
A criança é então solicitada a selecionar o rosto apropriado (ou emoção) relacionado a uma série de frases com base em uma anedota.
Por exemplo:
Como você acha que Sam se sentiu por dentro quando todos riram da piada?
E como Sam tentou expressar sua expressão facial?
Para "passar", a criança deve ser capaz de selecionar o emoji correto para mostrar que, apesar de se sentir chateado, triste por dentro, Sam pode tentar esconder como se sente, parecendo neutro ou feliz.
Os 4 Estágios de Desenvolvimento
Existem várias visões diferentes de como as crianças desenvolvem ToM. A seguir, será apresentada uma dessas perspectivas de desenvolvimento em estágios (Westby & Robinson, 2014):
• Estágio 1 – Pré-ToM, engajamento
Do nascimento até aproximadamente 18 meses de idade, os bebês desenvolvem habilidades de compartilhamento emocional e atenção e começam a entender as emoções dos outros.
• Estágio 2 – Pré-ToM, desenvolvimento e avaliação
Entre 18 meses e 4 anos, as crianças começam a desenvolver seu senso de identidade, se envolvem em brincadeiras de faz de conta e aprendem como os outros pensam e sentem.
• Estágio 3 – ToM de primeira ordem
“Crianças neurotípicas geralmente “passam” nas tarefas de ToM de primeira ordem entre 4 e 5 anos de idade” (Westby & Robinson, 2014, p. 374). As crianças neste ponto entendem que os outros têm crenças falsas, desenvolvem memória autobiográfica e podem pensar sobre o passado e o futuro.
• Estágio 4 – ToM de segunda ordem e superior
Normalmente, o estágio quatro começa imediatamente após o desenvolvimento da ToM de primeira ordem. As crianças entendem as Figuras de Linguagem, como símiles, metáforas, sarcasmo, dentre outras e aprendem estratégias metacognitivas (resolução de problemas, planejamento, organização e automonitoramento), exibindo conversações mais avançadas.
É importante observar que esses são estágios sugeridos, e não estágios rígidos e definitivos no caminho para o desenvolvimento da ToM. As crianças atingirão cada estágio de forma diferente, e suas características também sofrerão variações (Westby & Robinson, 2014).
Diferenças entre Culturas
Pesquisadores frequentemente notam as diferenças entre culturas coletivistas que se concentram em semelhanças e interdependência de grupo, como aquelas no Leste Asiático, e culturas individualistas que são distintamente individuais e independentes, como aquelas no Canadá, Estados Unidos e Europa Ocidental (Wellman, 2015).
Os resultados sugerem que as crianças primeiro apreendem o conhecimento antes de entender as crenças em culturas coletivistas, como na China, onde a harmonia coletiva é priorizada. Em contraste, em culturas individualistas como as dos Estados Unidos, que enfatizam a independência pessoal, o desenvolvimento da ToM começa com a compreensão de crenças diversas (Wellman, 2015).
ToM e os Transtornos do Neurodesenvolvimento
A ToM pode não se desenvolver com sucesso em crianças com transtornos do neurodesenvolvimento ou dificuldades severas na compreensão linguística, como (Korkmaz, 2011).
• Transtornos do Espectro Autista (TEA)
Indivíduos com TEA acham difícil avaliar seus próprios estados mentais e os dos outros. No entanto, com motivação apropriada, os adultos geralmente podem executar tarefas conceituais de ToM.
• Transtornos do Desenvolvimento da Linguagem (TDL)
Deficiências específicas da linguagem podem limitar o desenvolvimento da ToM, particularmente em relação à compreensão de falsas crenças.
• Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Crianças com TDAH frequentemente têm dificuldade para reconhecer emoções, expressões faciais, empatia e prosódia (o ritmo e a entonação da linguagem falada que transmitem significado e emoção).
Elas também podem apresentar disfunção executiva (dificuldades em gerenciar tarefas, organizar, planejar e executar ações), o que restringe severamente e causa problemas com ToM e funcionamento social.
• Esquizofrenia
Os déficits da ToM podem explicar alguns dos sintomas associados à esquizofrenia, onde os indivíduos têm dificuldade para entender seus próprios estados mentais e os dos outros.
• Transtornos de Personalidade
“Muitas pessoas com transtornos de personalidade, particularmente transtornos de personalidade esquizoide, esquizotípica, antissocial, narcisista, borderline e paranoica, bem como crianças com distúrbios de conduta, apresentam alguns déficits em ToM” (Korkmaz, 2011, p. 105). Pode envolver dificuldade em sentir empatia, interpretar sentimentos e pensamentos e prever o comportamento dos outros.
Críticas Populares à Teoria da Mente
Embora a ToM tenha um apelo intuitivo, ela tem seus críticos. Várias dificuldades e críticas comumente levantadas associadas ao modelo, incluem (Plastow, 2012; Wellman, 2015):
• Mal-entendidos da vida cotidiana
A ToM não leva em conta os mal-entendidos do dia a dia que vivenciamos ao lidar com os outros. Além disso, ela ignora as motivações e emoções que influenciam nossa compreensão uns dos outros.
• Limitações experimentais
Os cenários usados para testar a ToM geralmente envolvem um grau de cognição e compreensão que é potencialmente subdesenvolvido em crianças pequenas. Além disso, essas perspectivas de terceiros podem não representar com precisão o que elas vivenciam no mundo real.
• Falta de sensibilidade e especificidade
Embora frequentemente usada como uma ferramenta de diagnóstico para autismo, alguns indivíduos autistas ainda podem passar nos testes.
• Perspectivas alternativas
A ToM não é a única perspectiva. Outras abordagens se concentram na importância das emoções, da incorporação e do envolvimento não cognitivo com os outros. Os críticos sugerem que a ToM falha em capturar a verdadeira natureza dos relacionamentos humanos e como nos relacionamos uns com os outros.
A ToM oferece uma perspectiva valiosa sobre conexão, relacionamento e compreensão mútua. No entanto, não parece explicar completamente todas as complexidades dos relacionamentos humanos (Plastow, 2012).
Uma Mensagem para Levar para Casa
A ToM é definida como a nossa capacidade de inferir os objetivos e entender as emoções e pensamentos de outra pessoa. Como tal, é imprescindível para entender o que significa ser humano.
Ela reconhece nossa necessidade básica de conexão, tentando explorar e explicar como interpretamos os pensamentos e sentimentos de outra pessoa e como antecipamos seus comportamentos (Navarro, 2022).
Apesar de ter sido desenvolvida pela primeira vez há mais de quatro décadas para explicar as descobertas de pesquisas sobre a capacidade dos chimpanzés de entender uns aos outros e aos humanos, ela continua a ter muito foco experimental.
Como resultado, uma vasta quantidade de pesquisas foi conduzida sobre a ToM, variando de estudos sobre crianças e indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento até o campo emergente da inteligência artificial (Korkmaz, 2011; Whang, 2023).
Essa amplitude de pesquisa ressalta a importância da ToM na compreensão de nossa conexão exclusivamente humana com os outros.
Para profissionais de saúde mental, entender o conceito de ToM, os estágios de desenvolvimento pelos quais passamos e seu impacto na comunicação é essencial para garantir que nossos clientes atendam às suas necessidades psicológicas básicas e formem relacionamentos sólidos e gratificantes com os seus pares.
Perguntas Frequentes
É possível aprender a Teoria da Mente?
A ToM pode ser desenvolvida e aprimorada por meio de interações sociais e treinamento adequado. Embora uma predisposição inata seja um fator, a ToM se desenvolve naturalmente em estágios, particularmente durante a infância (Navarro, 2022; Workman & Reader, 2015).
Pessoas autistas têm Teoria da Mente?
Indivíduos com transtornos do espectro autista geralmente têm dificuldade em avaliar seus próprios estados mentais e os de outras pessoas. Com motivação adequada e um ambiente adequado, adultos autistas podem frequentemente realizar tarefas conceituais de teoria da mente (Korkmaz, 2011).
A Teoria da Mente é inata ou desenvolvida?
Embora seja provável que haja uma predisposição inata para a teoria da mente, seu desenvolvimento começa na infância e progride por vários estágios de desenvolvimento influenciados por fatores sociais e ambientais (Navarro, 2022; Workman & Reader, 2015).
Teoria da Mente é o mesmo que empatia?
Teoria da mente e empatia são conceitos relacionados, mas distintos. A primeira é cognitiva, envolvendo a compreensão dos estados mentais dos outros, enquanto a segunda é mais afetiva, sugerindo sentir as emoções de outra pessoa (Navarro, 2022).
Referências
Bernstein, D. M., Thornton, W. L., & Sommerville, J. A. (2011). Theory of mind through the ages: Older and middle-aged adults exhibit more errors than do younger adults on a continuous false belief task. Experimental Aging Research, 37(5), 481–502.
Call, J., & Tomasello, M. (2008). Does the chimpanzee have a theory of mind? 30 years later. Trends in Cognitive Sciences, 12(5), 187–192.
Korkmaz, B. (2011). Theory of mind and neurodevelopmental disorders of childhood. Pediatric Research, 69, 101–108.
Lord, J. (2022). Psychology of education: Theory, research and evidence-based practice. SAGE.
Miller, S. A. (2022). Advanced theory of mind. Oxford University Press.
Navarro, E. (2022). What is theory of mind? A psychometric study of theory of mind and intelligence. Cognitive Psychology, 136, Article 101495.
Plastow, M. (2012). ‘Theory of mind’ II: Difficulties and critiques. Australasian Psychiatry, 20(4), 291–294.
Premack, D., & Woodruff, G. (1978). Does the chimpanzee have a theory of mind? Behavioral and Brain Sciences, 1(4), 515–526.
Psychology at Staffordshire University. (2020). Theory of mind experiments to do at home with your children. https://blogs.staffs.ac.uk/inpsych/2020/05/28/theory-of-mind-experiments-to-do-at-home-with-your-children/
Theory of Mind Inventory-2. (2020). Theory of mind task battery. https://www.theoryofmindinventory.com/task-battery/
Wellman, H. M. (2015). Making minds: How theory of mind develops. Oxford University Press.
Westby, C., & Robinson, L. (2014). A developmental perspective for promoting theory of mind. Topics in Language Disorders, 34(4), 362–382.
Whang, O. (2023, March 27). Can a machine know that we know what it knows? The New York Times. https://www.nytimes.com/2023/03/27/science/ai-machine-learning-chatbots.html
Woolfolk, A. (2021). Educational psychology. Pearson.
Workman, L., & Reader, W. (2015). Evolutionary psychology: An introduction. Cambridge University Press.
FONTE: Theory of Mind: How We Learn to Understand Each Other, 12 Jun 2024 by Jeremy Sutton, Ph.D.
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