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Aranha e o seu simbolismo

O Animal

São animais sem esqueleto interno. A sustentação e a proteção de seu corpo são feitas por uma carapaça externa, composta por uma substância chamada quitina. Essa proteção é extremamente importante para evitar a perda de água, o que permite que as aranhas e outros animais do grupo dos artrópodes (escorpiões, insetos, crustáceos) consigam sobreviver em ambientes muito variados.

As aranhas são encontradas desde buracos e frestas no solo a até muitos metros de altura nas copas de árvores; de desertos a florestas úmidas; de ecossistemas totalmente preservados até o centro de grandes metrópoles. Isso se deve também à sua capacidade de produzir abrigos com uma mistura de proteínas denominada seda, secretada por glândulas localizadas no abdômen da aranha. A seda é trabalhada a fim de formar diferentes tipos de teias, utilizadas desde o revestimento de suas tocas até a formação das belíssimas redes de captura de insetos, que são o principal alimento das aranhas.

Para capturar seu alimento, as aranhas utilizam um sistema sensorial muito desenvolvido composto por órgãos sensíveis a estímulos químicos (presentes em algumas de suas oito patas) e estímulos físicos (principalmente vibrações). Embora a maioria das aranhas possua oito olhos, poucas utilizam a visão como orientação principal. A dieta é composta também por animais maiores (lagartos, anfíbios, filhotes de roedores e pássaros). Para capturá-los, as aranhas desenvolveram um aparelho venenoso que auxilia na imobilização da presa e na digestão do alimento.

O veneno está presente na grande maioria das aranhas (em todo o mundo, são conhecidos somente dois grupos de aranhas sem veneno), e sua composição química é bastante variada entre as espécies. A grande maioria tem veneno pouco tóxico para o organismo humano, como as caranguejeiras. Porém, o veneno de outras afeta o homem de maneira mais grave. Quando se sentem ameaçadas, as aranhas picam para se defender.

Várias evidências sugerem que as aranhas evoluíram em condições de privação alimentar. Podem passar por longos períodos de tempo em jejum, consumir grande número de presas quando estas estão disponíveis, expandindo consideravelmente o abdômen, reduzir o metabolismo e sua taxa de crescimento. Essas características sugerem que as aranhas descendem de um ancestral selecionado por ambiente com baixa disponibilidade de alimento. Atualmente, essa situação não é muito diferente, e a maioria das espécies vive em estresse alimentar na natureza. Assim, é de se esperar que características morfológicas e comportamentais evoluam para aumentar a capacidade de captura de presas, minimizando o gasto energético para isso.

As estratégias de captura de presas variam desde armadilhas com seda adesiva, mimetizando a presa para evitar a percepção, ou caça ativa. Maioria das aranhas distinguem a presa pela vibração, mas caçadoras ativas possuem a visão aguçada.

Uma das estratégias é conhecida como senta-e-espera, em que as aranhas permanecem paradas em um local à espera de presas móveis. Essa forma de captura permite ao predador economizar o máximo de energia entre uma captura e outra, mantendo o metabolismo baixo. Para esse predador, mecanismos que aumentem sua capacidade de detecção e subjugação de presas (fios de seda) são extremamente úteis.

As teias podem ser utilizadas para captura de presas, ou como embrulho para esperma e fertilização, para construção de ninhos e como “paraquedas” nos jovens de algumas espécies.

Aranhas reproduzem-se sexuadamente e a fertilização é interna, mas indireta. Ao contrário de muitos artrópodes terrestres, aranhas macho não produzem espermatóforos prontos, mas tecem pequenas teias onde eles ejaculam e assim transferem o esperma para os pedipalpos.

Os machos são conhecidos por uma variedade de complexos rituais de acasalamento, em geral destinados a evitar serem confundidos pelas fêmeas com presas e consequentemente atacados. Em espécies que tecem teias, padrões de vibrações na teia fazem parte desses rituais, enquanto padrões de toque em diferentes partes do corpo da fêmea são importantes para muitas aranhas que caçam, pois podem “hipnotizar” a fêmea. Gestos e danças do macho são importantes para aranhas saltadoras, que possuem uma excelente visão. Se o galanteio for bem sucedido, o macho injeta o esperma na abertura genital da fêmea, na parte inferior do abdómen.

Os machos da maioria das espécies sobrevivem a algumas cópulas, limitadas principalmente por seus curtos períodos de vida.

O sistema reprodutivo das fêmeas varia de tubos simples a sistemas que incluem receptáculos seminais, onde elas armazenam o esperma. As fêmeas tecem receptáculos de seda, cada um contendo até centenas de ovos. As fêmeas de muitas espécies cuidam de seus jovens, por exemplo carregando-os junto a si ou compartilhando alimento com eles.

Fêmeas põem até 3.000 ovos, em um ou mais receptáculos de seda, que mantêm a humidade constante. Em algumas espécies a fêmea morre após a postura, mas em outras espécies protegem os receptáculos, fixando-os nas suas teias, escondendo-os em ninhos, carregando-os ou fixando-os na fiandeira. Algumas aranhas cuidam de sua prole e fêmeas de algumas espécies respondem ao comportamento de implorar por alimento de suas crias.

As aranhas passam o estágio larvar dentro do ovo e eclodem como jovens, pequenos e imaturos, mas com uma forma similar ao adulto.

Como outros artrópodes, as aranhas precisam realizar mudas para crescer. Em algumas espécies, os machos acasalam com fêmeas que acabaram de realizar muda, que estão fracas demais para exibir qualquer comportamento agressivo contra os machos. (1)(2)


O Simbolismo

(Tradução livre)

A aranha é um símbolo com três significados distintos; às vezes eles se fundem ou se sobrepõem, às vezes um ou outro predomina. Os três significados são derivados de:

a) o poder criativo da aranha, com a tecelagem de sua própria teia;

b) a agressividade da aranha; e

c) a teia de aranha como uma rede em espiral convergindo para um ponto central.

A aranha sentada em sua teia é um símbolo do centro do mundo e é, portanto, considerado na Índia como Maya, a eterna tecelã da teia de ilusões. Os poderes destrutivos das aranhas são também conectados com a sua importância como um símbolo do mundo sensorial. Aranhas, em suas incessantes tecelagens e matanças - construindo e destruindo - simboliza a eterna alternância de forças da qual depende o equilíbrio do universo. Por essa razão, o simbolismo da aranha é profundo, significando o “sacrifício contínuo”, a constante transmutação do homem através do curso de sua vida. Até a própria morte, apenas enrola o fio de uma velha vida para tecer uma nova existência. De forma positiva, a aranha simboliza o encontro da morte e da vida, o sacrifício do velho pela construção do novo. A aranha que constrói sua teia fora do seu corpo simboliza a imaginação, o poder criativo. (3)


Maya - Mitologia Hindu

É um termo filosófico que tem vários significados: em geral, ele se refere ao conceito da ilusão que constituiria a natureza do universo. Maya deriva da contração de ma, que significa "medir, marcar, formar, construir", denotando o poder de Deus ou do demônio de criar ilusão, e ya, que significa "aquilo".

Maya se torna o principal obstáculo para o desapego das seduções do mundo sensorial, para a superação dos enganos criados pelo dualismo e para a conquista da verdadeira iluminação.

Seu significado é complexo porque envolve ele mesmo uma dualidade, pois Maya não pode ser real se consideramos o Absoluto (Parabrahman) como a única realidade, mas não pode ser irreal pois é a base de todo o universo objetivo. A realidade última, assim, envolve a compreensão da natureza de Maya sem sua negação, mas distinguindo-a do Absoluto.

Nas mitologias orientais, Maya aparece, muitas vezes, personificada como uma deidade, Maya, às vezes tida como uma das formas de Lakshmi ou Durga. Entre seus atributos, está o poder de cegar o devoto com as ilusões, mas também o de revelar-lhe a verdade. Também é identificada com Shakti. (4)

Aracne - Mitologia Grega

Segundo a mitologia grega, Aracne era uma jovem tecelã que vivia na Lídia, em uma região da Ásia Menor chamada Meônia. Seu trabalho era tão perfeito que, em todas as cidades da Lídia, Aracne ganhou fama de ser a melhor na arte de fiar e tecer a lã.

Eram os deuses, com sua generosidade, que concediam às criaturas seus talentos e habilidades, mas os mortais, com sua capacidade natural de esquecer as coisas, às vezes cometiam a tolice de gabar-se de seus próprios feitos. Assim aconteceu a Aracne, que deixou-se dominar pela vaidade e passou a vangloriar-se de sua habilidade como tecelã. Até que um dia alguém veio lembrá-la de que ela era discípula de Atena. Atena (Minerva, na mitologia romana) era filha de Zeus, e além de ser a deusa da Sabedoria, era a deusa que presidia as artes e os trabalhos manuais - a tecelagem inclusive. Aracne ficou extremamente ofendida e, querendo provar sua independência e autossuficiência, caiu na fraqueza de afirmar que podia competir com Atena e seria capaz de derrotá-la na arte da tecelagem.

Ao saber da presunção de Aracne, Atenas foi procurá-la disfarçada como uma anciã e pediu-lhe que a escutasse, devido à experiência de sua idade avançada: "Busque entre os mortais toda fama que desejar, mas reconheça a posição da deusa". Porém, a famosa Aracne não percebeu que se tratava de Atena e, além de zombar da anciã, reafirmou seu desafio: "Por que motivo sua deusa está evitando competir comigo?"

Ao ouvir isto, Atenas apareceu em sua forma verdadeira, e todos se puseram a reverenciá-la, exceto Aracne, que permaneceu impassível, pois o senso de poder que sua habilidade lhe dava tornava-a ousada em excesso.

Atenas desafiou Aracne a provar que seria capaz de vencê-la e as duas deram início à competição. Sentaram-se e começaram a tecer, cada qual procurando produzir a obra vencedora.

Atena retratou a cidade de Atenas e os deuses em seus tronos, e entre os deuses a oliveira que ela havia criado durante uma disputa com Posseidon e graças à qual foi proclamada a protetora da cidade. Retratou também Niké, o símbolo da Vitória e nos quatro cantos da tela, desenhou quatro cenas mostrando o que havia acontecido a alguns mortais que desafiaram os deuses e em que eles acabaram sendo transformados. Coroando o trabalho, Atena teceu uma grinalda de folhas de oliveira, que é até hoje um símbolo de paz.

Aracne, a perfeita tecelã, retratou o maior de todos os deuses - Zeus - por ocasião de suas conquistas amorosas. E então foi tecendo diversas cenas em que ele aparece disfarçado ou toma a forma de um animal: Zeus, sob a forma de touro, arrebatando Europa; sob a forma de águia, abordando Astéria; sob a forma de cisne, conquistando Leda; sob a forma de sátiro, fazendo amor com Antíope; Zeus fazendo-se passar por Anfitríon para seduzir Alcmene, mãe de Heraclés (Hércules); Zeus, o pastor que fez amor com Mnemosine, mulher-titã; e, ainda, Zeus conquistando Egina, Deméter e Danae, disfarçado, respectivamente, de chama, serpente e chuva de ouro. No afã de "tricotear" sua espantosa obra, Aracne incluiu ainda os amores de Posseidon, Apolo, Dionísio e Cronos. E ao redor de todas as cenas, teceu uma graciosa moldura de hera e flores entrelaçadas.

Tão perfeita foi a obra de Aracne que Atena não conseguiu encontrar nela a mínima falha. Irritada, Atena rasgou a tecelagem em pedaços e golpeou Aracne na cabeça. Aracne ficou muito triste e, em seu desespero, terminou tentando se enforcar. Atena, ao saber o que sua cólera havia provocado, compadeceu-se de Aracne e transformou a corda que ela usara para enforcar-se em uma teia. Em seguida, derramou sobre Aracne fluidos retirados das ervas da deusa Hecate e transformou-a em uma aranha. Dessa forma, Aracne foi salva da morte e, embora condenada a ficar dependurada em sua teia, a beleza de sua arte não ficaria perdida para sempre neste mundo. (5)


Aranha como Animal de Poder

(Tradução livre)

Cada "animal de poder" é uma metáfora que representa uma parte do interior da pessoa. Pode ser um animal que você encontra com frequência: ele pode tentar passar uma mensagem ou ele pode ser um animal das sombras (um animal de que você pode ter medo, como uma cobra ou aranha).

A aranha como animal de poder pode estar pedindo para você deixar de lado seus medos e lançar sua teia por toda parte. Ele está pedindo que você entre em contato com seu lado criativo e promova novas conexões.

Esse animal de poder também pode significar que você precisa fazer uma limpeza interior; limpe partes de você que você não gosta.

A aranha como animal de poder também simboliza a transmutação, feminilidade e criação. A aranha anciã foi reverenciada pelos índios nativos como a tecelã do Universo.

Os índios Lakota a chamavam de Iktome ou tecelã do poder de cura. Assim, a aranha está ensinando você a suportar sua realidade presente. A aranha usa uma substância pegajosa para tecer uma teia. Da mesma forma, nossos pensamentos tecem uma teia, mas quando você medita sobre este animal de poder, você perceberá a natureza transitória dos pensamentos.

A aranha está pedindo que você deixe de lado sua identidade individual e receba o dom da perspectiva de uma aranha. Observe como a sua teia está profundamente interconectada com as dos outros. (6)


FONTE:

3) LIVRO: A Dictionary of Symbols. Juan Eduardo Cirlot. Routledge: London, 2001.

6) LIVRO: Power Animal Meditations: Shamanic Journeys with Your Spirit Allies. Nicki Scully. Bear&Company: Vermont, 2001.



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