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  • O Simbolismo da Flor de Lótus e a Resiliência

    Seja como a Flor de Lótus: renasça a cada dia diante da adversidade! Dentre todos os fenômenos infinitos e curiosos da natureza está a flor de lótus. Um fenômeno que é uma metáfora apaixonante sobre a vida e as adversidades que enfrentamos todos os dias. A Flor de Lótus A flor de lótus é um tipo de lírio d’água cujas raízes têm a base na lama e no lodo de lagoas e lagos. A flor de lótus possui a semente com maior longevidade e resistência: pode aguentar até 30 séculos antes de florescer sem perder a sua fertilidade. A flor de lótus é símbolo de pureza e beleza que pode surgir em um terreno alagadiço. Esta bela flor emerge e se nutre de barro, em pântanos ou lugares alagadiços, e quando floresce se eleva sobre o lodo. De noite, as pétalas da flor se fecham e ela mergulha sob a água. Ela se fecha para mergulhar, mas ao amanhecer se levanta novamente sobre a água suja, intacta e sem restos de impureza por causa da disposição das suas pétalas em forma de espiral. A flor de lótus tem a peculiaridade de ser a única flor que também é fruto ao mesmo tempo: o fruto tem a forma de cone invertido e está no seu interior. Quando a flor está fechada ela não tem cheiro, mas quando se abre o seu aroma lembra o jacinto. Muitos consideram o seu aroma hipnotizante, capaz de alterar o estado da consciência. Mitologia sobre a Flor de Lótus O fascínio por esta flor fez com que ela se tornasse um símbolo fundamental para diversas civilizações ao longo da história. A flor de lótus é considerada sagrada e um dos símbolos mais antigos com diversos significados para os países do Oriente, embora também encontremos diversas referências a elas no mundo ocidental. Na mitologia grega, os lotófagos eram um povo místico que os antigos identificavam como os habitantes de um povoado ao norte da África. Diz a lenda que uma bela deusa se perdeu em um bosque até chegar a um lugar onde abundava o lodo, denominado lótus, onde ela afundou. Este espaço havia sido criado pelos deuses para os seres cujos destinos haviam sido fracassar na vida. Contudo, a jovem lutou durante milhares de anos até que conseguiu sair dali transformada em um bela flor de lótus, simbolizando o triunfo da perseverança diante das situações adversas. No contexto budista, o lótus serve como assento ou trono para Buda e indica um nascimento divino. No mundo cristão, a flor de lótus é o lírio branco que significa tanto fertilidade quanto pureza. Tradicionalmente, o Arcanjo Gabriel leva para a Virgem Maria o lírio da Anunciação. Venerada em muitos lugares, desde Índia, China, Japão e Egito, a flor de Lótus durante muito tempo simbolizou a criação, a fertilidade e, sobretudo, a pureza, uma vez que essa bela flor emerge das águas sujas, turvas e estagnadas. Além disso, representa a beleza e o distanciamento, pois cresce sem se sujar nas águas que a envolvem (a raiz está na lama, o caule na água e a flor no sol). Na crença hindu, simboliza a beleza interior: “viver no mundo, sem se ligar com aquilo que o rodeia”. No Egito, essa flor atípica simboliza a “origem da manifestação”, ou seja, o nascimento e o renascimento visto que ela abre e fecha consoante o movimento solar e, ademais, está relacionada com os Deuses Nefertem e Re. Vale lembrar que o lótus azul era venerado pelos faraós do Egito por possuir características sagradas e mágicas associadas ao renascimento. Os egípcios antigos associavam a flor de lótus com o Deus do Sol Ra devido ao ritualismo de a flor se fechar durante a noite e se abrir, todas as manhãs, com o ressurgimento do sol. É também a única planta que regula o seu calor interno, mantendo-o por volta dos 35º, isto é, a mesma temperatura do corpo humano. Outra característica peculiar são suas sementes, que podem ficar mais de 5 mil anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar. Lenda da Flor de Lótus no Budismo Na lenda do Budismo relata-se que quando o Siddhartha, que mais tarde se tornaria Buda, deu os seus primeiros sete passos na terra, sete flores de lótus brotaram. Assim, cada passo dele representa um degrau no crescimento espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação – dhyana - está simbolizada pela abertura das pétalas das flores de lótus, que podem estar totalmente fechadas, semiabertas ou completamente abertas, dependendo do estágio da expansão espiritual. Lenda da Flor de Lótus no Hinduísmo Na Índia, uma pequena lenda conta a história de sua criação: Um dia, reuniram-se para uma conversa, à beira de um lago tranquilo cercado por belas árvores e coloridas flores, quatro lendários irmãos. Eram eles o Fogo, a Terra, a Água e o Ar. Como eram raras as oportunidades de estarem todos juntos, comentavam como haviam se tornado presos a seus ofícios, com pouco tempo livre para encontros familiares. Mas a Água lembrou aos irmãos que estavam cumprindo a lei divina, que os encontros familiares deveriam lhes trazer o maior dos prazeres. Assim, aproveitaram o momento para confraternizar e contar, uns aos outros, o que haviam construído – e destruído – durante o tempo em que não se viam. Estavam todos muito contentes por servirem à criação e poderem dar sua contribuição à vida, trabalhando em belas e úteis formas. Então se lembraram de como o homem estava sendo ingrato. Construído ele próprio pelo esforço destes irmãos, não dava o devido valor à vida. Os irmãos chegaram a pensar em castigar o homem severamente, deixando de ajudá-lo. Mas, por fim, preferiram pensar em coisas boas e alegres. Antes de se despedir, decidiram deixar uma recordação ao planeta deste encontro. Queriam criar algo que trouxesse em sua essência a contribuição de cada um dos elementos, combinados com harmonia e beleza. Sentados à beira do lago, vendo suas próprias imagens refletidas, cada um deu sua sugestão e muitas ideias foram trocadas. Até que um deles sugeriu que usassem o próprio lago como origem. Que tal um ser vivo que surgisse da água e crescesse em direção ao céu? Um vegetal, talvez? Decidiram-se, então, por uma planta que tivesse suas raízes rente à terra, crescesse pela água e chegasse à plenitude do ar. Ofereceram, cada um, o seu próprio dom. A Terra disse: “darei o melhor de mim para alimentar suas raízes”. A Água foi à próxima: “Fornecerei a linfa que corre em meus seios, para trazer-lhe força para o crescimento de sua haste”. “E eu lhe cercarei com minhas melhores brisas, dando-lhe minha energia e atraindo sua flor”, disse o Ar. Então o Fogo, para finalizar o projeto, escolheu o que de melhor tinha a oferecer: “ofereço o meu calor, através do sol, trazendo-lhe a beleza das cores e o impulso do desabrochar”. Juntos, puseram-se a trabalhar, detalhe a detalhe, na sua criação conjunta. Quando finalizaram sua obra, puderam se despedir em alegria, deixando sobre o lago a beleza da flor que se abria para o sol nascente. Assim, em vez de punir o ser humano, os quatro irmãos deixaram-lhe uma lembrança da pureza da criação e da perfeição que o homem pode um dia alcançar. Lendas Egípcias da Flor de Lótus A flor de lótus é uma planta sagrada no Egito Antigo, onde é retratada no interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito. Segundo uma lenda, a flor está relacionada à criação do mundo e o umbigo do Deus Vishnu, onde teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, o Brahma, o Criador do Cosmo e dos homens. Outra lenda egípcia diz que o Deus do Sol Hórus, nasceu também de uma flor de Lótus. No Dicionário de Símbolos Flor, que se poderia dizer, a primeira e que desabrocha sobre águas geralmente estagnadas e turvas com uma perfeição tão sensual e soberana que é fácil imaginá-la… …iconografia egípcia - como a primeiríssima; depois disso o demiurgo e o Sol brotam de seu coração aberto… garantia da perpetuação dos nascimentos e dos renascimentos. O ‘lótus azul’, que era considerado o mais sagrado no país dos Faraós, ‘oferecia um perfume de vida divina:…vivos e mortos a aspirar a flor violácea, num gesto em que se misturam o deleite e a magia do renascimento’. …iconografia da Índia distingue o lótus rosa como emblema solar e símbolo de prosperidade do lótus azul, emblema lunar e Shivaíta. De modo geral, a ideia de pureza é constante, acrescentam-se ainda: a firmeza (a rigidez da haste), a prosperidade (a opulência da planta), a posteridade numerosa (abundância de grãos), a harmonia conjugal (duas flores crescem sobre a mesma haste), o tempo passado, presente e futuro (encontram-se simultaneamente os três estados da planta: botão, flor desabrochada e grãos). A Flor de Lótus e o seu significado para a Psicologia A flor de lótus representa o poder da resistência psicológica como capacidade para transformar a adversidade em potencialidade. Suzanne C. Kobasa, psicóloga da Universidade de Chicago, conduziu várias pesquisas nas quais detectou que os indivíduos com personalidade resistente têm uma série de características em comum. Costumam ser pessoas de grande compromisso, controle e orientadas ao desafio. “As pessoas mais belas com as quais tive a oportunidade de me encontrar são aquelas que conheceram a derrota, conheceram o sofrimento, conheceram a luta, conheceram a perda e encontraram o seu jeito de sair das profundezas.” Elisabeth Kübler-Ross Mais tarde esta explicação foi transformada no termo resiliência, a essência da personalidade resistente. A resiliência é definida como a capacidade dos indivíduos de superar períodos de dor emocional e grandes adversidades. A flor de lótus implica uma metáfora maravilhosa de como existem pessoas capazes de dobrar a dor e desdobrá-la posteriormente em forma de serenidade, autocontrole e persistência. FONTE: Chevalier, J.; Gheerbrant, A. (2001). Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 16ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio. Mund, P. (2016). Kobasa Concept of Hardiness: A study with reference to the 3Cs. International Research Journal of Engineering, IT & Scientific Research, 2(1), 34–40. Retrieved from https://sloap.org/journals/index.php/irjeis/article/view/243 https://en.wikipedia.org/wiki/Sacred_lotus_in_religious_art https://www.kingtutshop.com/freeinfo/Lotus-Flower.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Nefertum https://en.wikipedia.org/wiki/Nymphaea_nouchali_var._caerulea https://www.dicionariodesimbolos.com.br/flor-lotus/ https://www.revistaprosaversoearte.com/seja-como-a-flor-de-lotus-renasca-a-cada-dia-diante-da-adversidade/ https://amenteemaravilhosa.com.br/flor-de-lotus-adversidade/ https://typeset.io/authors/suzanne-c-kobasa-2nkqg653dz #flordelotus #adversidade #resiliencia #resiliente #simbolismo #japao #egito #india #china #grecia #mitologia #lenda

  • Cientistas Sul-Coreanos Desenvolveram uma Ferramenta de Inteligência Artificial com Fotografia da Retina para a Triagem de TEA

    Os cientistas utilizaram Algoritmo de Aprendizado Profundo, usando fotos das retinas de 958 crianças e adolescentes e combinaram esse banco de imagens com os resultados dos testes de sintomas de TEA - Transtorno do Espectro Autista. Depois da conclusão, o modelo de IA - Inteligência Artificial - teve 100% de precisão no rastreio dos pacientes com TEA. As descobertas sugerem que as imagens da retina podem fornecer informações adicionais sobre a gravidade dos sintomas do TEA. Na parte posterior do olho, a retina e o nervo óptico se conectam ao disco óptico. A estrutura é uma extensão do sistema nervoso central, sendo uma janela para o cérebro. A partir disso, os cientistas começaram a acessar, de forma fácil e não invasiva, essa parte do corpo para obter informações importantes relacionadas ao cérebro. Recentemente, pesquisadores do Reino Unido criaram um meio não invasivo de diagnosticar rapidamente uma concussão, iluminando a retina com um laser seguro para os olhos. Agora, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Yonsei, em Seoul, na Coreia do Sul, desenvolveram um método para rastrear o TEA com fotografias da retina, examinadas por um algoritmo de IA. Os pesquisadores recrutaram 958 participantes com idade média de 7,8 anos e fotografaram suas retinas, resultando em um total de 1.890 imagens. Metade dos participantes foi diagnosticada com TEA e metade eram controles de mesma idade e gênero. A gravidade dos sintomas de TEA foi avaliada, utilizando pontuações calibradas pela ADOS-2 - Escala de Observação de Diagnóstico de Autismo - Segunda Edição (nota de corte 8) e pontuações da SRS-2 - Escala de Responsividade Social - Segunda Edição (nota de corte 76). Uma Rede Neural Convolucional, que é um Algoritmo de Aprendizado Profundo, foi treinada usando 85% das imagens da retina e pontuações de testes de gravidade dos sintomas para construir modelos para rastrear o TEA e a gravidade dos sintomas. Os 15% restantes das imagens foram retidos para teste. “Nossos modelos tiveram desempenho promissor na diferenciação entre pessoas com TEA e DT – crianças/adolescentes com desenvolvimento típico - usando fotografias da retina, o que implica que as alterações retinianas no TEA podem ter valor potencial como biomarcadores”, comentaram os cientistas. “Nossas descobertas sugerem que as fotografias da retina podem fornecer informações adicionais sobre a gravidade dos sintomas”, disseram os pesquisadores. “Observamos que a classificação viável era alcançável apenas para pontuações ADOS-2 e não para pontuações SRS-2. Isso pode ocorrer porque o ADOS-2 é conduzido por um profissional treinado e com tempo suficiente para avaliação, enquanto o SRS-2 normalmente é respondido por um cuidador em alguns minutos. Assim, o primeiro refletiria o estado de gravidade de uma pessoa com mais precisão do que o último.” Os participantes do estudo tinham de 4 a 18 anos de idade. Com base nas descobertas, os cientistas dizem que o modelo baseado em IA poderia ser usado como uma ferramenta de triagem objetiva a partir dos 4 anos de idade, já que a retina do recém-nascido continua a crescer até essa idade. São necessárias mais pesquisas para determinar se a ferramenta seria precisa para participantes mais jovens. Limitações Este estudo teve várias limitações. Primeiro, usamos um conjunto de dados unicêntrico, o que pode limitar a generalização de nossas descobertas. No entanto, isso nos permitiu confirmar o potencial das fotografias da retina como candidatas viáveis para ferramentas de triagem para o TEA, controlando a variabilidade esperada devido às configurações da foto da retina. Estudos futuros que utilizem conjuntos de dados multicêntricos seriam benéficos. Em segundo lugar, as fotografias da retina podem não ser suficientes para rastrear a gravidade dos sintomas pois só podem avaliar alterações da retina num espaço bidimensional, entretanto a retina é uma estrutura tridimensional com múltiplas camadas. Portanto, mais estudos, utilizando Tomografia de Coerência Óptica, são necessários. Terceiro, as reações aos medicamentos utilizados pelos participantes com TEA, que poderiam ter afetado a retina, não foram totalmente controladas. No entanto, não houve nenhuma evidência corroborante em relação às alterações secundárias na CFNR - Camada de Fibras Nervosas da Retina ou no disco óptico relacionadas à toxicidade de medicamentos antipsicóticos atípicos. Estudos futuros envolvendo pacientes com TEA sem medicação prévia são necessários para investigar essa relação. Quarto, a exclusão de condições médicas, neurológicas e psiquiátricas, concomitantes sugere que nossos modelos podem ser aplicados apenas a uma parcela de indivíduos com TEA na prática clínica, uma vez que há uma quantidade substancial de pessoas com TEA com condições coexistentes. No entanto, esta abordagem nos permitiu investigar a associação entre o TEA e a retina, ao mesmo tempo que mitigava a influência potencial dessas condições. Quinto, nossos modelos limitaram-se a diferenciar sujeitos com TEA e DT; o principal desafio continua a ser distinguir o TEA de uma infinidade de outros transtornos do neurodesenvolvimento ou psiquiátricos, o que justifica uma investigação mais aprofundada. Conclusões Este estudo diagnóstico examinou o potencial dos Algoritmos de Aprendizado Profundo para rastrear TEA e possivelmente a gravidade dos sintomas usando fotografias da retina. Nossos achados sugerem que a área do disco óptico é crucial para diferenciar indivíduos com TEA e DT. Embora estudos futuros sejam necessários para estabelecer a generalização, nosso estudo representa um passo notável no desenvolvimento de ferramentas objetivas de triagem do TEA, que podem ajudar a resolver questões urgentes, como a inacessibilidade a avaliações especializadas em psiquiatria infantil devido a recursos limitados. FONTE: Faculdade de Medicina da Universidade Yonsei via Scimex. Kim JH, Hong J, Choi H, et al. Development of Deep Ensembles to Screen for Autism and Symptom Severity Using Retinal Photographs. JAMA Netw Open. 2023;6(12). https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2812964?utm_source=For_The_Media&utm_medium=referral&utm_campaign=ftm_links&utm_term=121523

  • AFASIAS

    (Tradução livre) 1)O que é afasia? 2)Quem pode apresentar afasia? 3)O que causa afasia? 4)Quais são os tipos de afasia? 5)Como a afasia é diagnosticada? 6)Como a afasia é tratada? 7)Quais pesquisas estão sendo feitas sobre a afasia? 1)O que é afasia? Afasia é um distúrbio que resulta de danos em partes do cérebro responsáveis pela linguagem. Para a maioria das pessoas, essas áreas ficam no lado esquerdo do cérebro. A afasia, na maioria da vezes, ocorre repentinamente, geralmente após um acidente vascular cerebral ou traumatismo cranioencefálico, mas também pode se desenvolver lentamente, como resultado de um tumor cerebral ou de uma doença neurológica progressiva. O distúrbio prejudica a expressão e a compreensão da linguagem, bem como a leitura e a escrita. A afasia pode ocorrer concomitantemente com distúrbios da fala, como disartria ou apraxia da fala, que também resultam de danos cerebrais. 2)Quem pode apresentar afasia? A maioria das pessoas que apresenta afasia tem meia-idade ou mais, entretanto qualquer pessoa pode apresentá-la, inclusive crianças pequenas. Cerca de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos têm afasia, e quase 180.000 americanos a apresentam a cada ano, de acordo com a Associação Nacional de Afasia. 3)O que causa afasia? A afasia é causada por danos em uma ou mais áreas de linguagem do cérebro. Frequentemente, a causa da lesão cerebral é um AVC - acidente vascular cerebral. Um AVC ocorre quando há um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro ou um vaso sanguíneo com vazamento ou rompimento. As células cerebrais morrem quando não recebem o suprimento normal de sangue, que transporta oxigênio e nutrientes importantes. Outras causas de lesões cerebrais são traumas graves na cabeça, tumores cerebrais, ferimentos por arma de fogo, infecções cerebrais e distúrbios neurológicos progressivos, como a doença de Alzheimer. 4)Quais são os tipos de afasia? Existem duas grandes categorias de afasia: fluente e não fluente, e existem vários tipos dentro desses grupos. Danos ao lobo temporal do cérebro podem resultar na afasia de Wernicke, o tipo mais comum de afasia fluente. Pessoas com afasia de Wernicke podem falar frases longas e completas sem significado, acrescentando palavras desnecessárias e até criando palavras inventadas. Por exemplo, alguém com afasia de Wernicke pode dizer: "Você sabe que aquele cube ficou rosado e que quero trazê-lo para perto e cuidar dele como você queria antes." Como resultado, muitas vezes é difícil acompanhar o que a pessoa está tentando dizer. As pessoas com afasia de Wernicke muitas vezes não têm consciência dos seus erros de fala. Outra marca registrada desse tipo de afasia é a dificuldade de compreensão da fala. O tipo mais comum de afasia não fluente é a afasia de Broca. Pessoas com afasia de Broca apresentam danos que afetam principalmente o lobo frontal do cérebro. Freqüentemente, eles apresentam fraqueza do lado direito ou paralisia do braço e da perna porque o lobo frontal também é importante para os movimentos motores. Pessoas com afasia de Broca podem compreender a fala e saber o que querem dizer, mas frequentemente falam frases curtas produzidas com grande esforço. Constantemente, omitem palavras pequenas, como "é", "e" e "o". Por exemplo, uma pessoa com afasia de Broca pode dizer: "Passeio com o cachorro", significando: "Vou levar o cachorro para passear" ou "livro, livro dois na mesa", para "Há dois livros sobre a mesa". Pessoas com afasia de Broca normalmente entendem bem a fala dos outros. Sendo assim, muitas vezes estão conscientes de suas dificuldades e podem ficar facilmente frustrados. Outro tipo de afasia, é a afasia global, que resulta de danos em extensas regiões nas áreas de linguagem do cérebro. Indivíduos com afasia global têm graves dificuldades de comunicação e podem ser extremamente limitados na sua capacidade de falar ou compreender a linguagem. Eles podem não conseguir dizer nem mesmo algumas palavras ou podem repetir as mesmas palavras ou frases indefinidamente. Eles podem ter dificuldade para entender até mesmo palavras e frases simples. Existem outros tipos de afasia, cada um dos quais resulta de danos em diferentes áreas da linguagem no cérebro. Algumas pessoas podem ter dificuldade em repetir palavras e frases, embora as compreendam e consigam falar fluentemente (afasia de condução). Outros podem ter dificuldade em nomear objetos, mesmo sabendo o que é o objeto e para que pode ser usado (afasia anômica). 5)Como a afasia é diagnosticada? A afasia geralmente é reconhecida primeiro pelo médico que trata a lesão cerebral da pessoa. A maioria dos indivíduos será submetida a uma ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) para confirmar a presença de uma lesão cerebral e identificar sua localização precisa. O médico normalmente também testa a capacidade da pessoa de compreender e produzir a linguagem, como seguir comandos, responder perguntas, nomear objetos e manter uma conversa. Se o médico suspeitar de afasia, o paciente geralmente é encaminhado a um fonoaudiólogo, que realiza um exame abrangente das habilidades de comunicação da pessoa. A capacidade da pessoa de falar, expressar ideias, conversar socialmente, compreender a linguagem, ler e escrever são avaliadas detalhadamente. 6)Como a afasia é tratada? Após uma lesão cerebral, ocorrem enormes mudanças no cérebro, que o ajudam a se recuperar. Como resultado, as pessoas com afasia frequentemente observam melhorias dramáticas nas suas capacidades de linguagem e comunicação nos primeiros meses, mesmo sem tratamento. Mas, em muitos casos, alguma afasia permanece após este período inicial de recuperação. Nesses casos, a terapia fonoaudiológica é usada para ajudar os pacientes a recuperar a capacidade de comunicação. Pesquisas mostram que as capacidades de linguagem e comunicação podem continuar a melhorar durante muitos anos e são por vezes acompanhadas por nova atividade no tecido cerebral perto da área danificada. Alguns dos fatores que podem influenciar na melhoria incluem a causa da lesão cerebral, a área do cérebro que foi danificada, a extensão da lesão, bem como a idade e a saúde do indivíduo. A terapia da afasia visa melhorar a capacidade de comunicação de uma pessoa, ajudando-a a restaurar as habilidades linguísticas tanto quanto possível e aprender outras formas de comunicação, como gestos, imagens ou uso de dispositivos eletrônicos. A terapia individual concentra-se nas necessidades específicas da pessoa, enquanto a terapia de grupo oferece a oportunidade de usar novas habilidades de comunicação em um ambiente de pequenos grupos. As tecnologias recentes forneceram novas ferramentas para pessoas com afasia. Os fonoaudiólogos "virtuais" oferecem aos pacientes a flexibilidade e a conveniência de fazer terapia em suas casas por meio de um computador. O uso de aplicativos geradores de fala em dispositivos móveis como tablets também pode fornecer uma forma alternativa de comunicação para pessoas que têm dificuldade em usar a linguagem falada. Cada vez mais, os pacientes com afasia participam de atividades como clubes do livro, grupos de tecnologia e clubes de arte e teatro. Tais experiências ajudam os pacientes a recuperar a confiança e a autoestima social, além de melhorar suas habilidades de comunicação. Os clubes de AVC, grupos de apoio regionais formados por pessoas que tiveram um AVC, estão disponíveis na maioria das grandes cidades. Esses clubes podem ajudar uma pessoa e sua família a se adaptarem às mudanças de vida que acompanham o AVC e a afasia. O envolvimento da família é muitas vezes um componente crucial do tratamento da afasia porque permite que os membros da família aprendam a melhor a maneira de comunicar com o seu ente querido. Os membros da família são incentivados a: Participe de sessões de terapia, se possível. Simplifique a linguagem usando frases curtas e descomplicadas. Repita as palavras do conteúdo ou escreva palavras-chave para esclarecer o significado conforme necessário. Mantenha uma maneira natural de conversação apropriada para um adulto. Minimize as distrações, como rádio ou TV alto, sempre que possível. Inclua a pessoa com afasia nas conversas. Peça e valorize a opinião da pessoa com afasia, principalmente em assuntos familiares. Incentive qualquer tipo de comunicação, seja fala, gesto, apontar ou desenhar. Evite corrigir a fala da pessoa. Dê bastante tempo para a pessoa conversar. Ajude a pessoa a se envolver fora de casa. Procure grupos de apoio, como clubes de AVC. 7)Quais pesquisas estão sendo feitas sobre a afasia? Pesquisadores estão testando novos tipos de terapia fonoaudiológica em pessoas com afasia recente e crônica para avaliar se novos métodos podem ajudá-las na recuperação de palavras, gramática, prosódia e outros aspectos da fala. Alguns desses novos métodos envolvem a melhoria das habilidades cognitivas que apoiam o processamento da linguagem, como a memória de curto prazo e a atenção. Outros envolvem atividades que estimulam as representações mentais de sons, palavras e frases, facilitando seu acesso e recuperação. Os pesquisadores também estão explorando a terapia medicamentosa como uma abordagem experimental para o tratamento da afasia. Alguns estudos estão testando se medicamentos que afetam os neurotransmissores químicos no cérebro podem ser usados em combinação com a terapia fonoaudiológica para melhorar a recuperação de várias funções da linguagem. Outras pesquisas concentram-se no uso de métodos avançados de imagem, como a ressonância magnética funcional (RMF), para explorar como a linguagem é processada no cérebro normal e danificado e para compreender os processos de recuperação. Este tipo de pesquisa pode melhorar o nosso conhecimento sobre como as áreas envolvidas na fala e na compreensão da linguagem se reorganizam após uma lesão cerebral. Os resultados podem ter implicações para o diagnóstico e tratamento da afasia e de outros distúrbios neurológicos. Uma área de interesse relativamente nova na pesquisa sobre afasia é a estimulação cerebral não invasiva em combinação com a terapia fonoaudiológica. Duas dessas técnicas de estimulação cerebral, a EMT - estimulação magnética transcraniana e a ETCC - estimulação transcraniana por corrente contínua, altera temporariamente a atividade cerebral normal na região que está sendo estimulada. Pesquisadores, originalmente, usaram essas técnicas para ajudá-los a compreender quais partes do cérebro que desempenhavam um papel na linguagem e na recuperação após um AVC. Recentemente, os cientistas estão estudando se esta alteração temporária da atividade cerebral pode ajudar as pessoas a reaprender o uso da linguagem. Vários ensaios clínicos financiados pelo Instituto Nacional de Surdez e Outros Distúrbios da Comunicação, nos EUA, estão testando essas tecnologias. Os ensaios clínicos financiados pelo Instituto também estão testando outros tratamentos para a afasia. A lista de ensaios clínicos de afasia ativos pode ser encontrada em ClinicalTrials.gov. FONTE: https://www.nidcd.nih.gov/health/aphasia

  • Contando para o meu filho que ele é autista leve (asperger) ou autista de alto funcionamento

    Será que eu devo contar para o meu filho que ele é autista? Qual a diferença entre ele saber ou não saber? O que muda? Ele será rotulado? Essas são algumas perguntas feitas por diversas mães, pais e cuidadores de autistas de alto funcionamento. E eu responderia a todos esses questionamentos, dizendo simplesmente deixe a verdade acontecer. Quanto mais conhecimento as crianças e as pessoas ao redor tiverem, mas tranquila será a convivência entre todos, neurotípicos e neuroatípicos. Cada vez mais, surgem movimentos para esclarecer o que é o Transtorno do Espectro do Autismo - TEA, e termos como neurodiversidade vem ganhando espaço e propondo que condições como TEA, não são anormalidades e sim diferenças neurológicas. Então, diariamente, nos momentos em que seu filho se comportar de forma diferente através dos seus talentos e das suas dificuldades, vá pontuando que são características do autismo. Não precisa ter um dia e uma hora específica para contar, mas sim haver várias conversas em família sobre o tema. Abaixo estão os links de alguns vídeos interessantes sobre o tópico: 🔵Devo falar pro meu filho que ele tem autismo? 🔵Como contar sobre o diagnóstico de autismo para o filho? 🔵Autismo leve (ou asperger) | Papo de Mãe 🔵Menino brasileiro de 4 anos surpreende ao falar somente em inglês Animações sobre Autismo Assista com o seu filho, clicando abaixo: Coisas Fantásticas Acontecem Psicoeducação para pais, cuidadores, crianças, educadores, profissionais e interessados. Esta animação explica com empatia e de forma lúdica o que é o Transtorno do Espectro Autista - TEA - e como funciona a mente de pessoas com autismo. Com linguagem positiva, a animação mostra quais são as principais características de pessoas com autismo. Pablo | Nat Geo Kids Às vezes, o novo e o desconhecido podem parecer apavorantes no mundo de Pablo! Mas desta vez, graças a um agasalho muito chamativo, Pablo e seus amigos poderão refletir sobre o medo, entender juntos o que os assusta e enfrentar as situações com imaginação e diversão. Um Mundo Cor-De-Rosa | Jelly Jamm A animação é sobre a Rita, uma menina que quer brincar com objetos e brinquedos somente da cor rosa e quando outras crianças tentam trazer outras cores para a brincadeira, ela não aceita e acaba transformando todo o mundo na cor rosa, até que as outras crianças conseguem trazer o colorido para o mundo novamente. Consertando Luka | EUA: Fixing Luka, 2011 Aos olhos de uma criança neurotípica, os hábitos repetitivos ou obsessivos relacionados ao autismo podem passar a ideia de que há algo errado que deve ser consertado, assim trata o autismo sob a perspectiva infantil. Na animação, vemos uma garotinha, Lucy, feita de pano, observando atenta o comportamento obsessivo do irmão, que tem engrenagens metálicas. Ele cola uma série de selos na parede, alinha seus patinhos de borracha e empilha cubos em torres imensas. Lucy acredita que existe um jeito de curar o irmão até que, um dia, ele se desmonta. A menina, enfim, perde a paciência e sai correndo pela floresta, indo parar em um casebre onde encontra um soldadinho de dar corda. Com esse novo amigo, Lucy acredita ter encontrado a cura para o irmão. De forma sensível e com figuras originais, o curta é baseado nas experiências pessoais de Jessica Ashman, que tem um irmão autista. Turma da Mônica com o personagem André, 2019 Em homenagem ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado no dia 2 de abril, o Instituto Mauricio de Sousa - IMS - lança seis animações com a participação de André, personagem autista criado para introduzir os aspectos do Transtorno do Espectro do Autismo - TEA - no universo da Turma da Mônica. Os materiais são fruto de uma parceria do IMS com a Revista Autismo, criada em 2010 por dois pais de crianças autistas com o intuito de informar à população sobre esse tema ainda muito desconhecido entre pais e educadores. Série da Netflix Jovem Sheldon | 2017 O personagem é a versão infantil de Sheldon Cooper apresentado em Big Bang: A Teoria, uma série de comédia da televisão norte-americana que estreou em 2007. Na série Jovem Sheldon, da Netflix, o garoto de 9 anos de idade é um pouco desajeitado, inteligente e com pouca compreensão de pistas e comportamentos sociais, apesar de ser um prodígio, é muitas vezes incompreendido por todos a sua volta. Mesmo assim, ele é atencioso com aqueles com quem se preocupa, além de ser empático às vezes. Curta-metragem da Disney Plus Float | 2019 Escrito e realizado por Bobby Rubio, “Float” conta a história de um pai que descobre que o seu filho tem uma particularidade – consegue voar. Porém, com medo que fosse julgado pela sociedade, o pai tenta ao máximo esconder a característica do seu filho, até que se vê confrontado com a decisão de ter de aceitá-lo tal como ele é. “Float” tem tanto de doce como de profundamente realista, percebendo-se desde o início que esta é uma história criada com inspirações da vida pessoal do próprio autor. Com uma animação polida, Rubio tenta fazer-se ouvir sobre um tema tão íntimo e pessoal de uma forma clara e poética. Predominantemente sem falas, o silêncio de diálogos só é quebrado por uma frase gritada pelo pai para o filho que fará despedaçar o coração de qualquer espectador. É para se ver. E sentir. E refletir. Loop | 2020 O curta-metragem Loop mostra de forma delicada dois personagens: Rene, uma menina de 13 anos dentro do espectro autista e que não se comunica oralmente, e Marcus, um jovem que nunca entrou em contato com esse universo não-verbal. Apesar de tão diferentes, o dois têm em comum a paixão pela canoagem – e é justamente na canoa que a narrativa se desenrola. “Eu pensei que a situação de estar em uma canoa tentando chegar em algum lugar, tentando compartilhar algo que você ama, mas não conseguindo se comunicar, seria uma história curta muito divertida a se contar”, disse a escritora e diretora Erica Milsom. Filme da Disney Plus Timmy Fiasco: errar é humano | 2020 Timmy Fiasco: errar é humano é uma comédia infantil. Winslow Fegley interpreta Timmy Fiasco, um garoto com pouco senso de humor e um senso de grandiosidade profundamente inflado. Tim passa seu tempo livre essencialmente sendo um investigador particular. Timmy sabe que é diferente e se orgulha disso, afirmando: “normal é para pessoas normais”, quando algo dá errado, ele diz: “errar é humano” ao invés de pedir desculpas, pois a investigação é mais importante do que as consequências. Seu melhor amigo, um urso polar imaginário, representa um apoio psicológico ao longo do filme que fundamenta a fantasia em uma realidade plausível.

  • Significado de Perseveração

    Abaixo estão alguns significados relacionados à palavra Perseveração: APA – American Psychological Association – Dictionary of Psychology (Tradução livre) Em geral, persistência em fazer algo a um nível excepcional ou além de um ponto apropriado. Em neuropsicologia, a repetição inadequada de comportamento frequentemente associado a danos no lobo frontal do cérebro. Incapacidade de interromper uma tarefa ou de mudar de uma estratégia ou de um procedimento para outro. Perseveração pode ser observada, por exemplo, em trabalhadores sob demandas extremas de tarefas ou condições ambientais (principalmente estresse por calor). A repetição de processos neurais responsáveis ​​pela formação da memória, após uma experiência de aprendizagem, necessária para a consolidação da memória de longo prazo. Na fala e na linguagem, a repetição anormal ou inadequada de um som, palavra ou frase, como ocorre na gagueira. A persistência ou o prolongamento de um modo de falar ao longo de um estágio de desenvolvimento específico em que é típico ou aceito, como a fala de um bebê, permanecendo na infância ou na idade adulta. Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa Manifestação de inércia mental que se traduz pela sustentação de uma forma de atividade quando uma forma diferente deveria tê-la substituído. Dicionário Online de Português Processo contínuo de uma atividade, após da finalização de um estímulo; insistência no mesmo estado de espírito. Repetição de ideias; inércia mental que se caracteriza pela persistência em ideias e pela incapacidade de modificá-las, segundo diferentes situações. Perseveração do pensamento. Repetição contínua e persistente na exposição de uma opinião, ideia. Compêndio de Psiquiatria – Alteração no Processo de Pensamento É a tendência a focar-se em uma ideia ou conteúdo específicos sem a capacidade de mudar para outros tópicos. O paciente perseverativo repetidamente voltará ao mesmo tópico apesar das tentativas do entrevistador de mudar de assunto. (1) Repetição patológica da mesma resposta a estímulos diferentes, como na repetição da mesma resposta verbal a perguntas diferentes. (2) Repetição persistente de palavras ou conceitos específicos no processo da fala. Vista em transtornos cognitivos, esquizofrenia e outras doenças mentais. FONTE: APA – American Psychological Association – Dictionary of Psychology https://dictionary.apa.org/perseveration Perseveração no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2003-2021. https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/perseveração Dicionário Online de Português https://www.dicio.com.br/perseveracao/ Sadock, B.J., Sadock, V.A., Ruiz, Pedro. Compêndio de Psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2017.

  • Técnicas de relaxamento: o controle da respiração ajuda a reduzir o estresse

    O termo "luta ou fuga" também é conhecido como resposta ao estresse. É o que o corpo faz enquanto se prepara para enfrentar ou evitar o perigo. Quando invocada apropriadamente, a resposta ao estresse nos ajuda a enfrentar muitos desafios. Entretanto, o ponto começa quando essa resposta é constantemente provocada por eventos cotidianos, como problemas financeiros, engarrafamentos, preocupações com o trabalho ou dificuldades nos relacionamentos. O resultado são alguns distúrbios físicos, problemas de saúde. Um excelente exemplo é a pressão alta, um importante fator de risco para doenças cardíacas. A resposta ao estresse também enfraquece o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a resfriados e outras doenças. Além disso, o acúmulo de estresse pode contribuir para a ansiedade e a depressão. Não podemos evitar todas as fontes de estresse em nossas vidas, nem queremos. Porém, podemos desenvolver formas mais saudáveis ​​de responder a elas. Uma maneira é utilizar uma resposta de relaxamento. A resposta de relaxamento é um estado de descanso profundo que pode ser obtido de várias maneiras, incluindo meditação, ioga e relaxamento progressivo muscular. O foco na respiração é uma característica comum de várias técnicas que evocam a resposta de relaxamento. O primeiro passo é aprender a respirar profundamente. Benefícios da respiração profunda A respiração profunda também é chamada de respiração diafragmática, respiração abdominal e respiração compassada. Quando você respira profundamente, o ar que entra pelo nariz enche completamente os pulmões e infla a parte inferior da sua barriga. Para muitos de nós, a respiração profunda não parece natural. Há várias razões para isso. Por um lado, a imagem corporal tem um impacto negativo na respiração em nossa cultura. Uma barriga lisa é considerada atraente, então mulheres e homens tendem a segurar os músculos do estômago. Isso interfere na respiração profunda e gradualmente faz com que a "respiração torácica" superficial pareça normal, o que aumenta a tensão e a ansiedade. A respiração superficial limita a amplitude de movimento do diafragma (músculo que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal). A parte mais baixa dos pulmões não recebe uma parte completa do ar oxigenado. Isso pode fazer você se sentir com falta de ar e ansioso. A respiração abdominal profunda estimula a troca total de oxigênio – isto é, a troca benéfica do oxigênio que entra e pelo dióxido de carbono que sai. E, ainda, pode retardar o batimento cardíaco e diminuir ou estabilizar a pressão arterial. Praticando o foco na respiração O foco na respiração ajuda você a se concentrar na respiração lenta e profunda e a se desvencilhar de pensamentos e sensações que distraem. Isso é especialmente útil se você tende a segurar o estômago. Primeiros passos. Encontre um lugar tranquilo e confortável para sentar ou deitar. Primeiro, respire normalmente. Em seguida, tente respirar fundo: inspire lentamente pelo nariz, permitindo que o peito e a parte inferior da barriga inflem enquanto você enche os pulmões. Deixe o seu abdômen expandir completamente. Agora expire lentamente pela boca (ou pelo nariz, se parecer mais natural). Foco na respiração na prática. Depois de seguir os passos acima, você pode passar para a prática regular de respiração controlada. Ao sentar-se confortavelmente com os olhos fechados, misture a respiração profunda com imagens saudáveis, positivas e talvez uma palavra ou frase de foco que o ajude a relaxar. Maneiras para chegar à resposta de relaxamento Várias técnicas podem ajudá-lo a chegar em uma resposta de relaxamento diante de um estresse e o foco na respiração é um aliado: • Escaneamento do corpo - Faça um escaneamento de todas as partes do seu corpo. Esta técnica combina o foco na respiração com o relaxamento progressivo muscular. Após alguns minutos de respiração profunda, você se concentra em uma parte do corpo ou grupo de músculos de cada vez, contraindo-os (mãos e braços, por exemplo) e, relaxando, liberando mentalmente qualquer tensão física que sentir lá. O escaneamento do corpo pode ajudar a aumentar sua consciência corporal. • Meditação da Atenção Plena (Mindfulness) - Sente-se confortavelmente, concentrando-se na respiração e trazendo a atenção para o momento presente, sem se preocupar com o passado ou o futuro, focando no que está vivenciando de prazeroso exatamente no “aqui e agora”. Por exemplo, você pode apreciar um pôr do sol, percebendo as cores, os sons ao seu redor ou durante uma refeição, perceber o aroma da comida, a textura na boca… Esta forma de meditação tem desfrutado de crescente popularidade nos últimos anos. Pesquisas sugerem que pode ser útil para pessoas com ansiedade, depressão e dor. • Yoga, Tai Chi Chuan e Qigong (ou Chi Kung) - Essas três artes antigas combinam a respiração rítmica com uma série de posturas ou movimentos fluidos. Os movimentos corporais dessas práticas alinhados ao foco mental podem ajudar a distraí-lo dos pensamentos acelerados. Elas também podem melhorar sua flexibilidade, equilíbrio e reduzir os níveis de pressão arterial. • Oração repetitiva - Nesta técnica, você repete silenciosamente uma oração curta ou frase de uma oração enquanto pratica o foco na respiração. Esse método é especialmente interessante para as pessoas que têm a religião ou a espiritualidade como algo significativo em suas vidas. • Imaginação guiada - Para esta técnica, você evoca cenas, lugares ou experiências relaxantes em sua imaginação para ajudá-lo a relaxar e a se concentrar. Você pode encontrar aplicativos gratuitos e vídeos on-line de cenas calmantes para ajudar na sua mentalização - apenas certifique-se de escolher imagens que ache relaxantes e que tenham significado pessoal. As imagens guiadas podem ajudá-lo a reforçar uma visão positiva de si mesmo. Criando uma rotina Você pode tentar várias técnicas de relaxamento diferentes para ver qual funciona melhor para você. Você também pode se beneficiar: • Escolhendo um lugar especial onde possa sentar-se ou deitar-se confortavelmente e em silêncio ou com uma música suave, instrumental, bilateral para estimulação dos dois lados do cérebro e regulação emocional. • Não se esforce demais. Isso pode fazer com que você fique tenso. • Também não seja muito passivo. A dica para chegar à resposta de relaxamento está em mudar seu foco dos estressores para ritmos mais profundos e calmos – ou seja, ter um ponto focal é essencial. • Procure praticar uma ou duas vezes por dia, sempre no mesmo horário, para aumentar o sentido do ritual e estabelecer um hábito. • Tente praticar pelo menos 5 minutos por dia e vá aumentando aos poucos, o ideal são 20 minutos diários. FONTE: https://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/six-relaxation-techniques-to-reduce-stress https://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/relaxation-techniques-breath-control-helps-quell-errant-stress-response#:~:text=Find%20a%20quiet%2C%20comfortable%20place,Let%20your%20abdomen%20expand%20fully. Efeitos do Qigong na pressão arterial e na qualidade de vida em pacientes com hipertensão arterial essencial https://repositorio.bahiana.edu.br:8443/jspui/bitstream/bahiana/45/1/Gutembergue%20Cruz%20do%20Livramento.pdf

  • O que é neuroticismo e como se destaca, sendo um domínio fundamental da personalidade

    (Tradução livre) Neuroticismo é um traço de personalidade em que o indivíduo tende a experimentar afetos negativos, incluindo raiva, ansiedade, irritabilidade, instabilidade emocional e depressão. Pessoas com níveis elevados de neuroticismo respondem mal ao estresse ambiental, interpretam situações comuns como ameaçadoras e podem experimentar pequenas frustrações como irremediavelmente esmagadoras. O neuroticismo é um dos domínios de traços de personalidade mais bem estabelecidos e validados empiricamente, com grande quantidade de pesquisas para apoiar sua hereditariedade, antecedentes na infância, estabilidade temporal ao longo da vida e presença universal. O neuroticismo tem enormes implicações para a saúde pública. Ele fornece uma predisposição de vulnerabilidade a diferentes formas de psicopatologia, incluindo ansiedade, humor, abuso de substância, sintoma somático e transtornos alimentares. Muitos casos de uso inadequado de substâncias são esforços para reprimir ou anular o desânimo, a ansiedade, a disforia e a instabilidade emocional do neuroticismo. Episódios clinicamente significativos de ansiedade e estados de humor deprimido geralmente representam uma interação do traço ou temperamento do neuroticismo com um estressor da vida. O neuroticismo está associado a uma gama de doenças físicas, como problemas no funcionamento imunológico e cardíacos, asma, eczema atópico, síndrome do intestino irritável e até risco aumentado de mortalidade. A relação do neuroticismo com os problemas físicos é direta e indireta, na medida em que o neuroticismo fornece uma vulnerabilidade para o desenvolvimento dessas condições, bem como uma predisposição para exagerar a importância desses problemas físicos e, ainda, uma falha em responder efetivamente ao seu tratamento. O neuroticismo também está associado a uma qualidade de vida diminuída, incluindo sentimentos de oposição, preocupação excessiva, fracasso ocupacional e insatisfação conjugal. Altos níveis de neuroticismo contribuirão para um desempenho ruim no trabalho devido à preocupação emocional, exaustão e distração. Semelhante ao efeito duplo do neuroticismo nas condições físicas, altos níveis de neuroticismo resultarão em prejuízo real para os relacionamentos conjugais, mas também em sentimentos subjetivos de insatisfação conjugal, mesmo quando não há base objetiva para tais sentimentos, o que pode, por sua vez, levar à frustração conjugal real e à separação. Dada a contribuição do neuroticismo para tantos resultados negativos da vida, tem sido recomendado que a população em geral seja rastreada para níveis clinicamente significativos de neuroticismo durante visitas médicas de rotina. A triagem na ausência de tratamento disponível seria problemática. No entanto, o neuroticismo responde à intervenção farmacológica. A farmacoterapia pode e efetivamente reduz os níveis do traço de personalidade do neuroticismo. Barlow et al, também desenvolveram um tratamento cognitivo comportamental validado empiricamente para o neuroticismo, chamado Protocolo Unificado (UP). Eles sugeriram que os tratamentos psicológicos atuais se tornaram excessivamente especializados, concentrando-se nos sintomas específicos do transtorno. O UP foi projetado para ser transdiagnóstico, ou seja, para ser direcionado aos processos cognitivos, comportamentais e emocionais que subjazem diferentes quadros clínicos, ao invés de focar nos sintomas específicos de cada transtorno. Reconhecendo o impacto do neuroticismo em uma gama diversificada de problemas de saúde física e mental, os autores do UP novamente apontam “as implicações para tratar diretamente o neuroticismo em saúde pública como sendo essenciais e até mesmo prevenir o desenvolvimento do neuroticismo”. O neuroticismo é reconhecido desde o início das pesquisas científicas básicas de personalidade e pode até ser o primeiro domínio da personalidade identificado na psicologia. Dada a sua importância central para diferentes formas de disfunção mental e física, não é uma surpresa que o neuroticismo seja evidenciado nos modelos predominantes de personalidade, transtorno de personalidade e psicopatologia. O neuroticismo é um dos domínios fundamentais da personalidade, incluído no modelo geral dos Cinco Fatores ou Big Five. Também está dentro do modelo de traço dimensional, na Seção III do DSM-5 para medidas e modelos emergentes. O neuroticismo também está alinhado com o domínio afetivo negativo incluído no modelo de traço dimensional do Transtorno de Personalidade proposto para o CID-11. Finalmente, também é evidente dentro dos Critérios de Pesquisa por Domínios transdiagnósticos (RDoC - Research Domain Criteria) do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos - NIMH, uma vez que a valência negativa do RDoC abrange construtos como medo, angústia, frustração e perda. Seria impreciso sugerir que a valência negativa RDoC é equivalente ao neuroticismo, mas é evidente que eles estão intimamente alinhados. Atualmente, há um interesse considerável nos fatores gerais de psicopatologia, transtorno de personalidade e personalidade. Na medida em que o grau de comprometimento e disfunção (que define em grande parte os fatores gerais) está associado ao nível de angústia e desânimo, o que é bastante provável que seja o caso, propomos que o neuroticismo explicará uma proporção substancial da variação nesses fatores gerais. Em suma, o neuroticismo é um domínio fundamental da personalidade e tem enormes implicações para a saúde pública, impactando em uma ampla gama de problemas psicopatológicos e de saúde física. Contribui para a ocorrência de muitos resultados de vida significativamente prejudiciais, bem como prejudica a capacidade das pessoas de abordá-los adequadamente. Há muito tempo é reconhecido como um dos domínios mais importantes e significativos da personalidade e está sendo cada vez mais reconhecido como um domínio fundamental do Transtorno de Personalidade e da Psicopatologia em geral. FONTE: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5428182/ Widiger TA, Oltmanns JR. Neuroticism is a fundamental domain of personality with enormous public health implications. World Psychiatry. 2017 Jun;16(2):144-145. doi: 10.1002/wps.20411. PMID: 28498583; PMCID: PMC5428182. REFERÊNCIAS: 1. Widiger TA. In: Leary MR, Hoyle RH. (eds). Handbook of individual differences in social behavior. New York: Guilford, 2009:129‐46. [Google Scholar] 2. Tackett JL, Lahey BB. In: Widiger TA. (ed). The Oxford handbook of the five factor model. New York: Oxford University Press; (in press). [Google Scholar] 3. Lahey BB. Am Psychol 2009;64:241‐56. [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar] 4. Bagby RM, Uliaszek AA, Gralnick TM et al. In: Widiger TA. (ed). The Oxford handbook of the five factor model. New York: Oxford University Press; (in press). [Google Scholar] 5. Ozer DJ, Benet‐Martinez V. Annu Rev Psychol 2006;57:401‐21. [PubMed] [Google Scholar] 6. Widiger TA, Trull TJ. Am Psychol 2007;62:71‐83. [PubMed] [Google Scholar] 7. Barlow DH, Sauer‐Zavala S, Carl JR et al. Clin Psychol Sci 2014;2:344‐65. [Google Scholar] 8. American Psychiatric Association . Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 5th ed Arlington: American Psychiatric Association, 2013. [Google Scholar] 9. Tyrer P, Reed GM, Crawford MJ. Lancet 2015;385:717‐26. [PubMed] [Google Scholar] 10. Sanislow CA, Pine DS, Quinn KJ et al. J Abnorm Psychol 2010;119:631‐9. [PubMed] [Google Scholar]

  • Valeriana officinalis em estudos para ansiedade

    A seguir, encontraremos 8 artigos científicos publicados em alguns países, relacionando a planta medicinal Valeriana à redução da ansiedade . Uma revisão focada nos mecanismos moleculares do efeito ansiolítico da Valeriana officinalis L. em conexão com sua fitoquímica por meio de estudos in vitro/in vivo - 2021 (Tradução livre) Valeriana officinalis L. (Valerianaceae) é uma das plantas medicinais antigas de maior reputação, utilizadas na fitoterapia moderna e na medicina tradicional. Seu extrato de raiz é um dos sedativos e tranquilizantes à base de plantas mais eficazes, onde a planta também é usada para o tratamento de espasmos gastrointestinais. V. officinalis tem fitoquímica complexa que consiste em derivados iridóides esterificados conhecidos como valepotriatos (por exemplo, valtrato, didrovaltrato, ácido isovalerênico), sesquiterpenos (por exemplo, ácido valerênico), flavonóides (por exemplo, linarina, apigenina), lignanas (por exemplo, pinoresinol, hidroxipinoresinol), alcalóides (por exemplo, actinidina, valerina), triterpenos (por exemplo, ácido ursólico), monoterpenos (por exemplo, borneol, acetato de bornil). Dentre eles, o ácido valerênico é um composto marcador para padronização dos extratos de raízes da planta e tem sido relatado em muitos estudos in vitro/in vivo como sendo o responsável pela ação ansiolítica da planta. Embora a modulação dos receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA) tenha sido revelada como o principal mecanismo da planta com base na existência do ácido valerênico, vários estudos descreveram a interação do ácido valerênico com os receptores glutamatérgicos. Além do ácido valerênico, ácido isovalérico, didrovaltrato, borneol e alguns lignanos também foram propostos para contribuir para o efeito ansiolítico da planta. O foco dessa revisão foram os dados examinados seletivamente nos estudos in vitro/in vivo sobre a identificação de mecanismos moleculares ansiolíticos de V. officinalis. Current Pharmaceutical Design - Emirados Árabes https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33463459/ O uso da Valeriana officinalis no tratamento de transtornos de ansiedade - 2021 Transtorno de ansiedade é considerado um problema de saúde pública, no Brasil que atinge cerca de 5,6% da população. A ansiedade associada à depressão e à insônia estão relacionadas com alterações bioquímicas, comportamentais e psicológicas. Para conter os sintomas são utilizadas terapias alopáticas, porém devido, aos grandes efeitos colaterais, há grande procura por tratamento alternativo com fitoterápicos como o uso da Valeriana officinalis, pois possuem mesmos mecanismos de ação e poucos efeitos colaterais. Assim como os benzodiazepínicos, a Valeriana atua no Sistema Nervoso Central, como modulador do receptor GABA, possui ação ansiolítica, anticonvulsivante, hipnótica e relaxante muscular. A ansiedade associada ao estresse, à insônia e instabilidade de humor, dentre outras circunstâncias, pode conduzir as pessoas a experiências emocionais negativas, tornando-se patológica. Desta forma, a indústria farmacêutica propõe linhas de tratamento para os transtornos de ansiedade, que envolvem terapias alopáticas, assim como plantas medicinais (fitoterápicos). O presente trabalho, utilizando recursos de revisão bibliográfica, mostrou que o uso alternativo de fitoterápicos como a Valeriana officinalis, em relação aos benzodiazepínicos, tem propriedades químicas e farmacológicas eficientes para conter os sintomas, além de evitar problemas toxicológicos pelo uso de medicamentos prolongados. Sua capacidade de atuar no Sistema Nervoso Central é eficaz contra ansiedade, angústias e distúrbios do sono e, basicamente, isenta de efeitos colaterais. Convém destacar que, no Brasil, qualquer pessoa pode adquirir fitoterápicos sem prescrição médica, gerando o problema de automedicação. Ressalta-se que somente um profissional qualificado pode receitar o medicamento mais indicado para cada sintoma e doença. UNILAGO - União das Faculdades dos Grandes Lagos - Brasil https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/570 Artigo completo, clique aqui. O uso da Valeriana officinalis como alternativa no tratamento dos transtornos da ansiedade: uma revisão - 2021 A ansiedade é um estado emocional, que quando gerada por fatores desconhecidos passa a ser patológica. Os fármacos mais utilizados para o seu tratamento são os benzodiazepínicos, que causam efeitos adversos e dependência, e com isso, o uso de plantas medicinais no tratamento da ansiedade tem sido cada vez maior. A escolha do tema foi devido ao aumento de pessoas acometidas com ansiedade, e a prevalência de efeitos adversos e dependência causados pelos ansiolíticos, a fim de buscar alternativas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, de modo que, o objetivo desse trabalho foi avaliar a utilização da Valeriana officinalis como uma alternativa no tratamento da ansiedade. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, no período de junho a agosto de 2021, em que foram feitas buscas de artigos e publicações dos últimos 5 anos, disponíveis nas seguintes bases de dados (Medline, Lilacs, Scielo, Google Acadêmico), e dos comitês nacionais e internacionais de saúde, utilizando descritores pré-estabelecidos. Foram encontrados 79 artigos dos quais 58 foram avaliados e utilizados. O estudo forneceu evidências de que a Valeriana officinalis é uma planta medicinal em uso no manejo dos transtornos de ansiedade, com relatos de eficácia de várias indicações diferentes como: insônia, cefaleia tensional, cólicas menstruais entre outras. Com isso, pode-se concluir que a Valeriana officinalis é sim uma importante alternativa no tratamento da ansiedade, em substituição aos benzodiazepínicos, apesar de o seu mecanismo de ação ainda não estar bem definido. Com isso se faz necessário novos estudos sobre a planta. Ainda se ressalta que o profissional farmacêutico é de suma importância no acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes, e na indicação de terapias não farmacológicas. Universidade Federal de Campina Grande - Brasil http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/21612 Tese completa, clique aqui. Raiz de Valeriana no Tratamento de Distúrbios do Sono e Comorbidades Associadas - Uma Revisão Sistemática e Metanálise - 2020 (Tradução livre) Distúrbios do sono são amplamente prevalentes e associados a várias comorbidades, incluindo ansiedade. A valeriana (Valeriana officinalis L.) é um fitoterápico popularmente utilizado para dormir, porém os resultados de estudos clínicos anteriores são inconsistentes. Este estudo foi realizado para atualizar e reavaliar os dados disponíveis, a fim de entender a razão por trás dos resultados inconsistentes e fornecer uma visão mais ampla do uso de valeriana para distúrbios associados. PubMed, ScienceDirect e Biblioteca Cochrane foram pesquisados para recuperar publicações relevantes para a eficácia da valeriana como tratamento para os distúrbios do sono e comorbidades associadas. Um total de 60 estudos (n = 6.894) foram incluídos nesta revisão, e metanálises foram realizadas para avaliar a eficácia para melhorar a qualidade subjetiva do sono (10 estudos, n = 1.065) e reduzir a ansiedade (8 estudos, n = 535). Os resultados sugeriram que as inconsistências eram possivelmente devido à qualidade variável dos extratos de ervas e que efeitos mais confiáveis poderiam ser esperados de toda a raiz/rizoma. Além disso, os benefícios terapêuticos podem ser otimizados quando combinados com parceiros fitoterápicos apropriados. Não houve eventos adversos graves associados à ingestão de valeriana em indivíduos com idade entre 7 e 80 anos. Em conclusão, a valeriana pode ser uma erva segura e eficaz para promover o sono e prevenir distúrbios associados. No entanto, devido à presença de vários constituintes ativos e à natureza relativamente instável de alguns dos constituintes ativos, pode ser necessário revisar os processos de controle de qualidade, incluindo métodos de padronização e prazo de validade. Journal of evidence-based integrative medicine - Estados Unidos https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33086877/ Efeito fitoterápico de plantas medicinais sobre a ansiedade: uma breve revisão - 2019 A ansiedade é um dos sintomas mais comuns associados ao estilo de vida moderno. Em contrapartida, percebe-se o aumento pela procura de práticas integrativas e complementares como a fitoterapia para amenizar os sintomas associados à ansiedade. Dessa maneira, esse artigo tem por objetivo listar os fitoterápicos mais utilizados no tratamento da ansiedade. Trata-se de uma revisão de literatura dos últimos 18 anos, onde foi pesquisado sobre o funcionamento e a aplicação de fitoterápicos e seus efeitos benéficos para promoção de saúde, especialmente na ansiedade. Entre os fitoterápicos de efeito carminativos estão a valeriana (Valeriana officinalis), hortelã (Mentha) e camomila (Matricaria chamomilla), Flor de Laranjeira (Citrus X sinensis), Erva Cidreira (Melissa officinalis) e Capim Limão (Cymbopogoncitratus) que podem tratar de dores agudas e serem sedativas, ainda, o maracujá (Passiflora edulis), e em casos de insônia inclui-se também espinheiro-branco (Crataeguslaevigata), e lúpulo (Humuluslupulus). Em relação aos compostos bioativos, a utilização de alimentos fermentados, de óleos essenciais – especialmente ômega 3, flavonoides, mostraram-se potenciais tratamentos alternativos para a ansiedade. Os efeitos dos fitoterápicos na promoção e manutenção da saúde, especialmente na ansiedade, vem sendo essenciais para tratamentos terapêuticos complementares. O consumo de ervas medicinais frescas pode ajudar a melhorar a ansiedade, este efeito é melhorado se combinado com o uso de óleos essenciais. Dessa maneira, conclui-se que existem vários fitoterápicos que auxiliam no quadro de ansiedade. Entretanto, é preciso que haja a condução de mais estudos para a comprovação da eficácia terapêutica, especialmente em seres humanos. Universidad de la Rioja - Espanha https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7342154 Artigo completo, clique aqui. Extrato de raiz de valeriana officinalis modula circuitos excitatórios corticais em humanos - 2017 (Tradução livre) Introdução: O extrato de Valeriana officinalis é um fitoterápico popularmente utilizado no tratamento de ansiedade e distúrbios do sono. Embora os efeitos ansiolíticos e sedativos sejam atribuídos principalmente à modulação da transmissão GABAérgica, o mecanismo de ação não foi totalmente investigado em humanos. Protocolos de estimulação cerebral não invasiva podem ser usados para elucidar os mecanismos de ação de substâncias psicoativas no nível cortical em humanos. Neste estudo, investigamos os efeitos de uma única dose de extrato valeriana officinalis na excitabilidade cortical avaliada com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Métodos: Quinze voluntários saudáveis participaram de um estudo duplo-cego, randomizado, cruzado e controlado por placebo. Os indivíduos foram obrigados a tomar 900 mg de extrato de valeriana (ácido valerênico 0,8%) ou placebo (uma dose igual de vitamina E). A excitabilidade do córtex motor foi estudada por EMT simples, pareada antes, 1 hora e 6 horas após a administração oral. A excitabilidade cortical foi avaliada usando diferentes parâmetros EMT: limiar motor de repouso, amplitude do potencial evocado motor, período de silêncio cortical, inibição intracortical de curto intervalo e facilitação intracortical. Além disso, foi avaliado a integração sensório-motora por inibição aferente de latência curta e latência longa. Resultados: Foi encontrada uma redução significativa no parâmetro de facilitação intracortical, sem alterações significativas em outras medidas da EMT na excitabilidade do córtex motor. O valor de facilitação intracortical voltou à medida basal 6h após a ingestão do extrato de valeriana. Conclusão: Uma única dose oral de extrato de valeriana modula os circuitos facilitadores intracorticais. Nossos resultados em indivíduos saudáveis podem ser marcadores preditivos de resposta ao tratamento em pacientes e apoiar ainda mais o uso de fármaco-EMT para investigar os efeitos neuropsiquiátricos de terapias fitoterápicas em humanos. Neuropsychobiology - Suíça https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29035887/ Extratos de raiz de Valeriana officinalis têm efeitos ansiolíticos potentes em ratos de laboratório - 2009 (Tradução livre) A raiz de valeriana (Valeriana officinalis) é um suplemento fitoterápico popular e amplamente disponível, usado principalmente para tratar insônia e ansiedade. Até recentemente, seu mecanismo de ação permanecia desconhecido. Pesquisas neurobiológicas começaram a mostrar que a erva, com seu ácido valerênico ativo, interage com o sistema GABA(A)-érgico, mecanismo de ação semelhante aos benzodiazepínicos. Essa série de experimentos buscou corroborar esses achados com medidas comportamentais, compará-los com o benzodiazepínico Diazepam e analisar a composição química da Valeriana officinalis. Os ratos receberam etanol (1 ml/kg), Diazepam (1 mg/kg), extrato de raiz de valeriana (3 ml/kg), ácido valerênico (3 mg/kg) ou uma solução de ácido valerênico e GABA exógeno (75 microg/kg kg e 3,6 microg/kg, respectivamente) e avaliados quanto ao número de entradas e tempo gasto nos braços abertos de um labirinto em cruz elevado. Os resultados mostraram que houve uma redução significativa no comportamento ansioso quando os indivíduos expostos ao extrato de valeriana ou ácido valerênico foram comparados ao grupo de controle com etanol. As evidências apoiam a Valeriana officinalis como uma alternativa potencial aos ansiolíticos tradicionais, conforme medido pelo labirinto em cruz elevado. Phytomedicine: international journal of phytotherapy and phytopharmacology - Alemanha https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20042323/ Extratos de Valeriana officinalis L. apresentam efeitos ansiolíticos e antidepressivos, mas não propriedades sedativas nem miorrelaxantes - 2008 (Tradução livre) Extratos de Valeriana officinalis L. são usados para tratar distúrbios leves do sono e tensão nervosa. Apesar dos intensos esforços em pesquisa, as ações farmacológicas responsáveis pela eficácia clínica da valeriana permanecem obscuras. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos relacionados ao SNC – Sistema Nervoso Central de diferentes extratos de valeriana, usando paradigmas comportamentais (camundongos e ratos). Após a administração oral, duas preparações disponíveis comercialmente (solventes de extração: 45% metanol m/m e 70% etanol v/v), um extrato etanólico 35% v/v e um extrato refinado derivado dele (extrato especial patenteado phytofin Valerian 368) foram testados para atividade sedativa (atividade locomotora, anestesia induzida por éter) e atividade ansiolítica (labirinto em cruz elevado). Usando o nado forçado e o teste do fio horizontal, os dois últimos extratos foram testados adicionalmente quanto às propriedades antidepressivas e miorrelaxantes. Nenhum dos extratos de valeriana apresentou efeitos sedativos com dosagens máximas de até 500 ou 1000 mg/kg de peso. Nem a atividade espontânea foi reduzida, nem a duração da narcose induzida por éter foi prolongada. Em contraste, os resultados obtidos no teste do labirinto em cruz elevado revelaram um efeito ansiolítico pronunciado do extrato metanólico 45% e etanólico 35%, bem como da phytofin Valeriana 368 em uma faixa de dose de 100-500 mg/kg de peso corporal. Adicionalmente e diferente de seu extrato primário (extrato etanólico a 35%) a phytofin Valerian 368 apresentou atividade antidepressiva no teste de nado forçado após tratamento subagudo. Efeitos miorrelaxantes não foram observados em dosagens de até 1.000 mg/kg de peso corporal. Devido a essas descobertas, propõe-se que a atividade não sedativa, mas ansiolítica e antidepressiva, que foi elaborada particularmente no extrato especial de phytofin Valeriana 368, contribua consideravelmente para as propriedades da valeriana de melhoria do sono. Phytomedicine: international journal of phytotherapy and phytopharmacology - Alemanha https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18160026/

  • Pesquisas sobre as funções cognitivas em pacientes com deficiência de hormônio do crescimento - GH

    Abaixo há uma seleção de 7 artigos científicos publicados no Brasil e no exterior sobre a relação entre o hormônio do crescimento - GH - e as alterações nas funções cognitivas como atenção e memória. Effects of growth hormone in the central nervous system (Tradução livre) Efeitos do hormônio do crescimento no sistema nervoso central (2019) O hormônio do crescimento (GH) é mais conhecido por seu efeito estimulador do tecido e o crescimento somático através da regulação da divisão celular, regeneração e proliferação. No entanto, os neurônios responsivos ao GH estão espalhados por todo o sistema nervoso central, sugerindo que eles têm papéis importantes no cérebro. O objetivo da presente revisão é resumir e discutir a potencial importância fisiológica da ação do GH no sistema nervoso central. Fornecemos evidências de que a sinalização do GH no cérebro regula a fisiologia de inúmeras funções, como cognição, comportamento, alterações neuroendócrinas e metabolismo. EFEITOS COGNITIVOS DO GH Estudos anteriores indicam que indivíduos com deficiência de GH podem apresentar várias anormalidades cognitivas e neurológicas, incluindo prejuízos na memória, cansaço, problemas de sono, diminuição do bem-estar, distúrbios de humor e déficit de atenção. Além disso, o GH tem efeitos neuroprotetores, e algumas consequências cognitivas do envelhecimento possivelmente estão associadas à diminuição da secreção de GH típica de idosos. No entanto, embora a deficiência de GH seja um modelo interessante para determinar o papel do GH nas funções cognitivas, indivíduos com deficiência de GH apresentam múltiplas anormalidades endócrinas e metabólicas, tornando difícil determinar se os efeitos são causados ​​pela falta de sinalização do receptor do GH em si ou por um fator secundário, indireto. O principal fator de confusão associado à deficiência de GH é a diminuição dos níveis circulantes de IGF-1, uma vez que o IGF-1 também possui efeitos neuroprotetores e regula a expressão de fatores moleculares envolvidos nas funções cognitivas. Além disso, a resistência cerebral à insulina está associada à resistência ao IGF-1, e esses defeitos contribuem para o declínio cognitivo em pacientes com doença de Alzheimer. Dados obtidos de modelos animais experimentais mostraram que interrupções na sinalização do GH em populações neuronais específicas podem afetar o eixo reprodutivo e prejudicar a ingestão alimentar durante condições de privação de glicose, adaptações neuroendócrinas durante a restrição alimentar e respostas contrarreguladoras à hipoglicemia, podendo modificar o metabolismo gestacional. Portanto, o cérebro é um importante tecido-alvo do GH, e alterações na ação do GH no sistema nervoso central podem explicar algumas disfunções apresentadas por indivíduos com secreção excessiva ou deficiência de GH. Além disso, o GH atua em populações neuronais específicas durante situações de estresse metabólico para promover ajustes fisiológicos adequados, restabelecendo a homeostase. Jornal Oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo https://www.scielo.br/j/aem/a/rf7csWYVWq9xBMkzhVWSfYt/?lang=en Influência da reposição do hormônio do crescimento no desenvolvimento neuropsicomotor. Relato de caso. (2018) A resposta estatural ao uso de hormônio do crescimento na baixa estatura já está comprovada na literatura. A influência dos componentes do eixo fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (GH-IGF1) sobre desenvolvimento, função, regeneração, neuroproteção, cognição e funções motoras tem sido avaliada em estudos experimentais e em adultos com lesão de sistema nervoso central. No entanto, ainda são poucas as pesquisas sobre o impacto clínico da reposição hormonal no desenvolvimento neuropsicomotor. Este relato apresenta o caso de um paciente com excelente recuperação pôndero-estatural e, de forma ainda mais surpreendente, de desenvolvimento neuropsicomotor, em resposta ao uso de hormônio do crescimento. Estudos recentes evidenciam também diminuição de função cognitiva em crianças portadoras de deficiência de GH, sugerindo que a deficiência deste hormônio impacta em diversos aspectos do desenvolvimento. Atualmente já há evidências que suportam a hipótese de que anormalidades no eixo GH-IGF1 afetam o desenvolvimento estrutural do cérebro e do trato córtico-espinhal, levando a dificuldades na cognição e das funções motoras. Clinicamente, a deficiência de hormônio de crescimento se manifesta de forma variável, acarretando desde apenas baixa estatura até quadros mais graves, como o relato de caso apresentado, com atraso de desenvolvimento neuropsicomotor. O resultado observado fortalece a correlação entre achados experimentais e clínicos, no que diz respeito à resposta da plasticidade cerebral ao hormônio do crescimento em crianças. Paciente do sexo masculino nasceu pré-termo com múltiplos agravos no período neonatal e de lactente jovem, e que, por 6 anos, apresentou deficit relevante do crescimento, na maturação óssea e do desenvolvimento neuropsicomotor. Aos 6 anos de idade, apresentava baixa estatura (escore Z de -6,89), baixa velocidade de crescimento e baixo peso (escore Z de -7,91). Era incapaz de sustentar o peso axial, não tinha desenvolvido habilidade motora fina e nem controle esfincteriano, e apresentava também disfunção na deglutição e na linguagem. Exames complementares mostraram IGF1 baixo, sem alterações na imagem da região hipotálamo-hipofisária e idade óssea compatível com 3 anos − para a idade cronológica de 6 anos e 1 mês. A terapia de reposição com hormônio do crescimento promoveu forte impacto na recuperação pôndero-estatural e também do desenvolvimento neuropsicomotor desta criança. Publicação Oficial do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. https://journal.einstein.br/pt-br/article/influencia-da-reposicao-do-hormonio-do-crescimento-no-desenvolvimento-neuropsicomotor-relato-de-caso/ Growth hormone and cognitive function (Tradução livre) Hormônio do crescimento e função cognitiva (2013) Dados crescentes indicam que a terapia com hormônio do crescimento (GH) pode ter um papel na melhoria da função cognitiva. A terapia de reposição de GH em animais experimentais e pacientes humanos neutraliza a disfunção de muitos comportamentos relacionados ao sistema nervoso central (SNC). Várias funções cognitivas relacionadas ao aprendizado e à memória, são conhecidas por serem induzidas pelo GH; o hormônio pode interagir com receptores específicos localizados em áreas do SNC que estão associadas à anatomia funcional desses comportamentos. Acredita-se que o GH afete os circuitos excitatórios envolvidos na plasticidade sináptica, o que altera a capacidade cognitiva. O GH também tem um efeito protetor no SNC, conforme indicado por seus efeitos benéficos em pacientes com lesão da medula espinhal. Dados coletados de modelos animais indicam que o GH também pode estimular a neurogênese. Esta revisão discute os mecanismos subjacentes às interações entre GH e o SNC, e os dados emergentes de estudos em animais e humanos sobre a relação entre GH e função cognitiva. Neste artigo, é dada ênfase especial ao papel do GH como tratamento para pacientes com comprometimento cognitivo decorrente da deficiência do hormônio. Revista de Endocrinologia - Inglaterra https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23629538/ Psychiatric and neuropsychological changes in growth hormone-deficient patients after traumatic brain injury in response to growth hormone therapy (Tradução livre) Alterações psiquiátricas e neuropsicológicas em pacientes com deficiência de hormônio do crescimento após traumatismo cranioencefálico em resposta à terapia com hormônio do crescimento (2010) Objetivo: O traumatismo cranioencefálico (TCE) foi recentemente reconhecido como fator de risco para déficit cognitivo e hipopituitarismo, apresentando-se mais frequentemente com deficiência de GH. A deficiência está associada não apenas a alterações na composição corporal, mas também a comprometimento da qualidade de vida, disfunções cognitivas e algumas sequelas psiquiátricas, geralmente classificadas como "depressão" ou "depressão atípica". O impacto da terapia com GH no estado mental de pacientes com TCE ainda é desconhecido. Método: As funções psiquiátricas e cognitivas foram testadas em 6 pacientes com deficiência de GH no início do estudo (mínimo 3 anos após TCE), reavaliadas após 6 meses de terapia com GH, bem como 12 meses após a descontinuação da terapia com GH. Os exames psiquiátricos e cognitivos incluíram entrevistas semiestruturadas e 3 instrumentos: lista de verificação de sintomas (SCL-90-R), Inventário de Depressão de Zung e bateria neuropsicológica padrão. Resultados: Seis meses de terapia com GH em pacientes com TCE com deficiência de GH melhoraram as habilidades cognitivas (especialmente a memória verbal e não verbal) e melhoraram significativamente o funcionamento psiquiátrico. A gravidade da depressão diminuiu, assim como a intensidade da sensibilidade interpessoal, hostilidade, ideação paranóide, ansiedade e neuroticismo. Somatização, sintoma obsessivo-compulsivo e ansiedade fóbica diminuíram em todos, exceto em um paciente. Em 3 pacientes com deficiência de GH que interromperam a terapia com GH por 12 meses, registramos piora da memória verbal e não verbal, bem como sintomas em 3 dimensões do SCL: sensibilidade interpessoal, ansiedade e ideação paranóide. Conclusão: Pacientes com TCE com deficiência de GH estão deprimidos e apresentam comprometimento cognitivo. A terapia com GH induziu a redução da depressão, disfunção social e certos domínios cognitivos. Nossos dados preliminares apoiam a necessidade de realizar estudos randomizados controlados por placebo sobre os efeitos da terapia com GH no estado neuropsicológico e psiquiátrico em pacientes com TCE de GHD. Jornal de Investigação Endocrinológica - Itália https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20479569/ The effects of growth hormone (GH) deficiency and GH replacement on cognitive performance in adults: A meta-analysis of the current literature (Tradução livre) Os efeitos da deficiência e da reposição de hormônio do crescimento (GH) no desempenho cognitivo em adultos: uma meta-análise da literatura atual. (2006) Objetivo: Há evidências crescentes na literatura neuropsicológica de que a eficiência de hormônio do crescimento (GH) está associada ao comprometimento cognitivo. Há também evidências de que esse comprometimento pode ser melhorado com terapia de reposição de GH. O presente estudo avaliou a natureza e a gravidade do comprometimento cognitivo associado à deficiência de hormônio do crescimento, bem como o efeito da reposição de GH na função cognitiva através da realização de uma meta-análise da literatura publicada até o momento. Método: 13 estudos preencheram os critérios de inclusão, sendo: 5 estudos transversais, investigando a deficiência de GH; e, 8 (8 prospectivos, dois dos quais também incluíram comparações transversais) investigando a reposição de GH. Foram computados o tamanho do efeito (D de Cohen) caindo em seis domínios cognitivos (separadamente para deficiência de GH e reposição de GH). Resultados: Para a deficiência de GH, cada um dos domínios cognitivos avaliados (além da linguagem) apresentou comprometimentos de moderado a grave quando comparados aos controles pareados (tamanho de efeito -0,46 a -1,46). Para a reposição de GH, embora os pacientes tratados ainda tenham um desempenho moderado a amplamente inferior ao dos controles, quando comparados às suas próprias linhas de base (como em análises prospectivas), melhorias moderadas foram encontradas no desempenho cognitivo, particularmente na atenção e na memória. Conclusão: Esta meta-análise demonstra claramente a correlação entre o GH e o desempenho cognitivo, onde o baixo desempenho pode ser melhorado com o tratamento com GH. Jornal de Psiconeuroendocrinologia - Inglaterra https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16621325/ https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306453006000072?via%3Dihub Neurocognitive Function in Adults with Growth Hormone Deficiency (Tradução livre) Função neurocognitiva em adultos com deficiência do hormônio do crescimento (2005) A condição clínica de deficiência de hormônio do crescimento como consequência de doença hipofisária ou hipotalâmica tem sido associada à redução do desempenho cognitivo. Em vários estudos, a avaliação neuropsicológica foi realizada em adultos com deficiência no GH, antes e após a terapia de reposição de hormônio de crescimento. Como altas concentrações de receptores de GH e IGF-I foram demonstradas em áreas cerebrais envolvidas no funcionamento neurocognitivo (por exemplo, hipocampo, giro para-hipocampal e amígdala), isso levou à hipótese de que o desempenho cognitivo é afetado pela deficiência de GH e pode ser revertido por reposição de GH. Nesta revisão, vamos nos concentrar nos déficits cognitivos em adultos com deficiência de GH e nos efeitos da terapia de reposição de GH. A interpretação dos dados disponíveis é complexa pela variação na seleção dos pacientes, bem como pelos testes neuropsicológicos utilizados em tais estudos. A maioria dos estudos disponíveis indica que a deficiência do GH pode levar a pequenas, mas clinicamente relevantes, alterações na memória, velocidade de processamento e atenção. Algumas dessas alterações podem ser revertidas pela reposição do GH, embora o número de estudos de intervenção confiáveis ​​seja limitado. Além da possível relevância clínica da melhora neuropsicológica após a reposição de GH em pacientes com a deficiência, os achados podem ser de interesse para estudos de desempenho neurocognitivo em outras condições associadas a alterações na atividade do eixo somatotrófico e na compreensão das causas subjacentes a mecanismos fisiopatológicos. Jornal de Pesquisa Hormonal em Pediatria - Suíça https://www.karger.com/Article/Abstract/89326 Impacto do tratamento com hormônio de crescimento recombinante (rh-GH) sobre as características psiquiátricas, neuropsicológicas e clínicas de adultos com deficiência de GH: ensaio clínico duplo-cego controlado com placebo (1999) Introdução: Pacientes com deficiência de hormônio de crescimento (GH) apresentam diversas alterações clínicas (ex: redução de massa muscular e de função cardíaca) e psíquicas (ex: quadros fóbicos, sintomas depressivos e déficits cognitivos). Objetivo: Avaliar o impacto da terapêutica com rh-GH em adultos com deficiência de GH. Método: 9 pacientes foram diagnosticados com deficiência de GH e então submetidos a ensaio clínico, duplo-cego, controlado, recebendo rh-GH (0,250UI/Kg/semana) ou placebo, por período de 6 meses. Resultados: Houve melhora significativa (p<0,05) em parâmetros clínicos (aumento de massa muscular, redução do índice de massa corpórea (BMI), aumento de gasto energético), psiquiátricos (sintomas depressivos avaliados pelas escalas de Beck e Hamilton (p= 0,043)) e neuropsicológicos (testes de atenção (p= 0,035), fluência verbal (FAS: p= 0,02), além da melhora de eficiência cognitiva (testes do WAIS-R: vocabulário (p= 0,027) , Arranjo de Figuras (p= 0,017), Compreensão (p= 0,01) ). Conclusão: Prejuízos clínicos, psíquicos e neuropsicológicos causados pela deficiência de GH em adultos podem ser reduzidos pela terapêutica com rh-GH. Jornal Oficial da Academia Brasileira de Neurologia – Arquivos de Neuropsiquiatria https://www.scielo.br/j/anp/a/vfKQsGcwwdvfWg8vFtySMVr/?lang=en

  • INTERVENÇÕES NA APRENDIZAGEM, NA ESCOLA E NA SALA DE AULA PARA ALUNOS COM TEA - AUTISMO

    Para entender um aluno com TEA - transtorno do espectro autista - que está em constante luta com a regulação de seu humor, de suas emoções, das funções executivas e de seus comportamentos, é fundamental que saibam os seguintes pontos: ● Dificuldade com a mudança. Os alunos com TEA se beneficiam de um cronograma repetitivo e rotineiro. A mudança de uma rotina pode resultar em uma mudança de comportamento, humor ou desempenho acadêmico. Os professores podem ajudar, fornecendo um cronograma de atividades para completar ao longo de cada dia. Monte isso em um gráfico grande, para que todos os alunos se beneficiem, ou utilize uma versão menor. Sempre prepare o aluno com TEA para qualquer mudança de horário com antecedência, independentemente de quão pequena ou insignificante possa parecer para você ou para os outros. ● Dificuldade em aprender por meio de experiências. Simplesmente ouvir e ver novas informações não são suficientes para alunos com TEA. Os alunos com TEA precisam de instrução direta sobre as atividades acadêmicas e habilidades sociais - atividades e lições estruturadas com uma introdução, explicação detalhada e um resumo. A integração de estímulos visuais, auditivos e táteis também ajuda a melhorar a transferência de informações aos alunos e a generalização das habilidades. ● Dificuldade no enfrentamento, na regulação emocional. Se houver algo no ambiente que esteja causando ao aluno um estresse, identifique as distrações (por exemplo, barulho, mudança de ambiente) e resolva-as. Se o aluno está demonstrando problemas com a regulação de suas emoções e comportamento, forneça um tempo distante do grupo ou da sala de aula em uma área segura e privada para o aluno se recompor. Quando o nível de estresse do aluno diminuir, encoraje-o a retornar ao grupo ou ao ambiente de aula. Adicionar “pausas para alívio do estresse” para toda a classe ajuda a direcionar esse desafio discretamente para o aluno com TEA. Considere incluir atividades de alongamento, empurrar e puxar, saltar ou jogos (por exemplo, carregar livros pesados, brincar com pequenos brinquedos e bolas, ou “O mestre mandou”). ● Dificuldade com linguagem figurada. Os alunos com TEA compreendem as mensagens de forma muito literal. O uso de linguagem figurada (por exemplo, humor, sarcasmo, metáforas e expressões idiomáticas) pode causar ao aluno com TEA uma má interpretação das mensagens verbais. Ao dar instruções, certifique-se de que elas sejam claras e concisas. Dê ao aluno tempo suficiente para processar as informações e responder. Evite usar expressões idiomáticas e outras expressões conotativas durante a instrução. Tente introduzir uma linguagem figurada simples e expressões linguísticas fora do momento de instrução. ● Dificuldade com a pragmática (comunicação social). A comunicação social é uma batalha para alunos com TEA. Em um ambiente comum, é importante que o aluno trabalhe continuamente em sua pragmática. Eleja um colega mentor para ajudar o aluno a desenvolver as habilidades sociais, as atividades em sala de aula e em outros ambientes (por exemplo, no refeitório, na quadra ou na biblioteca). Interpretação de papéis em sala de aula também dá ao aluno oportunidades de participar e observar interações. ● Dificuldade de comportamento. Comportamentos inadequados geralmente são acompanhados de habilidades sociais ruins, dificuldade na regulação das emoções ou dificuldade em receber informações. Perceba que esses comportamentos são geralmente o resultado de uma mensagem ou ação incompreendida dada por você ou por outro aluno. Use essas ocorrências para ensinar toda a classe como reagir a comportamentos inadequados. Seja firme, mas com tato em seu método de corrigir o aluno com TEA ou chamar a atenção do aluno para o seu próprio comportamento. Constranger o aluno ou fazer com que ele sinta vergonha não o ajuda a aprender os comportamentos aceitos socialmente. ● Dificuldade em responder aos sons ambientais. Esteja ciente do nível de ruído existente na sala de aula. Alunos com TEA podem ser muito sensíveis a certos sons, mesmo que o os sons não sejam muito altos, perceptíveis ou perturbadores para você ou para outros alunos. Cada pessoa com TEA é única e pode achar que sons comuns e familiares (como palmas, brinquedos de alta frequência, bipes, etc.) são perturbadores ou até mesmo assustadores. Identifique sons que podem desencadear uma mudança de comportamento. Caso o aluno apresente reações adversas a algum estímulo auditivo, retire-o imediatamente do ambiente perturbador. Novamente, dê ao aluno tempo e/ou espaço para se acalmar, se necessário. Algumas estratégias e acomodações que podem aumentar a probabilidade de sucesso acadêmico: ● Colocar o aluno ao lado de modelos positivos, colegas com menor probabilidade de fornecer distrações e que podem ajudá-lo a permanecer na tarefa. ● Sentar o aluno em uma área com menos distrações onde ele possa se concentrar na lição. Por exemplo, perto da mesa do professor, longe das janelas e da porta, ou em outra área que reduzirá a interferência auditiva. ● Monitoramento regular dos professores e feedback fornecido aos pais. Usar ativamente um livro/aplicativo de comunicação escola/casa onde é descrito o progresso específico e os desafios que ocorreram nos ambientes domésticos e escolares. O livro/aplicativo é compartilhado com os funcionários da sala de aula e a família diariamente. ● O teste em um ambiente separado é particularmente importante quando as questões do teste estão sendo apresentadas verbalmente, ou seja, sendo captadas pelo aluno de forma auditiva. Ou usando recursos como fones de ouvido para criar “espaços mais calmos” na sala de aula. ● Fornecer recursos visuais e dicas para complementar as informações verbais. ● Dividir tarefas longas em partes menores. Isso permite que os alunos vejam tanto o início quanto o fim da tarefa. ● Eleger um colega de estudo para ajudar a aprender a matéria. ● Criar combinação de instruções com imagens, escritas e verbais. Certificando-se de que todas as atribuições são claras e fornecidas por escrito, além de oralmente. ● Verificar com o aluno antes de concluir uma tarefa para ter certeza de que ele ouviu e compreendeu as instruções. Peça-lhe que repita para verificar o entendimento. ● Ensino através de métodos experienciais versus aulas expositivas, sempre que possível. ● Ler as instruções dos exames em voz alta para o aluno, de preferência de aluno a aluno ou estando bem próximo a este, e ainda fornecer as instruções impressas para que o aluno possa acompanhar visualmente. ● Tempo adicional para completar testes e exames. Em tarefas para as quais o tempo extra não possa ser dado, deve-se classificar a porcentagem correta para nota final. ● Utilizar um timer ou alarme para ajudar no gerenciamento do tempo. ● Proporcionar pausas. Dependendo do aluno, isso pode incluir alongamento, caminhada até a lousa para completar uma tarefa, ou distribuição de tarefas ou materiais pela sala. ● Limitar as tarefas repetitivas, principalmente aquelas que o aluno já domina ou tarefas que estão muito acima do nível de entendimento do aluno. Os alunos são mais dispostos a prestar atenção às tarefas que sugerem desafios, entretanto que estejam dentro de sua área de aprendizado atual. ● Certificar-se de que o aluno tenha oportunidade de atividades físicas porque movimento aumenta a capacidade de foco. ● Fornecer ferramentas para ajudar na organização, como pastas de cores diferentes, um caderno com divisores ou um livro/aplicativo com as tarefas de casa. ● Usar computadores ou tablets para trabalhar. Os computadores são visualmente estimulantes e permitem mais engajamento, além de ajudarem os alunos a organizar seus pensamentos. ● Avalie e utilize os interesses e os pontos fortes do aluno para estruturar o seu currículo e as atividades durante o tempo livre. Estratégias adicionais para o processamento sensorial: ○ Fornecer assentos alternativos, como uma bola de exercícios ou uma mesa alta para que o aluno fique de pé. ○ Deixar o aluno trabalhar em uma posição diferente, como deitado no chão usando uma prancheta ou um cavalete. ○ Utilizar tampões de ouvido ou fones com abafamento de ruído para ajudar na sensibilidade auditiva. ○ Deixar o aluno se mover conforme necessário dentro de um espaço delineado com fita ou para um assento ao lado. ○ Trabalhar com o aluno para que ele utilize sinais não verbais para comunicar que está se sentindo sobrecarregado ou precisando de uma pausa.

  • Sugestões para lidar em casa e na escola com crianças / adolescentes com TDAH

    Abaixo serão descritas algumas sugestões Russell Barkley e Kevin Murphy contidas no livro Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: exercícios clínicos. 1. Evitar os atrasos e comunicar o tempo restante. • Se possível, reduzir ao mínimo o tempo de espera. • Usar timers, relógios, controladores de tempo ou outros dispositivos que mostrem o tempo como algo físico quando houver limites de tempo para a realização de tarefas. 2. Comunicar informações importantes. • Colocar lembretes, dicas, sugestões e outras informações-chave em pontos críticos do local para lembrar à criança/ao adolescente o que deve ser feito. 3. Comunicar a motivação (pensar “vencer/vencer”). • Usar sistemas de símbolos, programas de recompensa, privilégios ou outros reforçadores para ajudar a motivar a criança/adolescente com TDAH. 4. Comunicar a resolução do problema. • Tentar reduzir os problemas a tarefas manuais, em que as peças do problema podem ser manualmente manipuladas para se encontrar soluções ou criar novas ideias. 5. Usar o retorno imediato. • Agir rapidamente após um comportamento para proporcionar imediato retorno positivo ou negativo. 6. Aumentar a frequência das consequências. • Proporcionar mais retorno para um comportamento adequado com mais frequência do que é necessário para uma criança/adolescente que não tenha TDAH. 7. Aumentar a responsabilidade em relação aos outros. • Fazer a criança/adolescente ser explicitamente responsável por alguém várias vezes durante o dia (ou durante a tarefa ou o local) quando algo precisar ser feito. 8. Usar recompensas mais visíveis e artificiais. • As crianças/adolescentes com TDAH necessitam de incentivos mais fortes para motivá-los a fazer algo do que os outros fazem com pouca motivação externa. • Você pode precisar usar recompensas com adesivos, carimbos, bebidas, alimentos, brinquedos, privilégios, símbolos, dinheiro ou outros materiais para ajudar a motivá-los a trabalhar. 9. Mudar periodicamente as recompensas. • As pessoas com TDAH parecem se entediar mais facilmente com algumas recompensas; por isto, periodicamente, você pode precisar encontrar novas formas para manter o programa interessante. 10. Tocar mais, falar menos. • Quando você precisar dar uma instrução, aprovação ou reprimenda:  Vá até a criança/adolescente.  Toque-a/o na mão, no braço ou no ombro.  Olhe-a/o nos olhos.  Declare brevemente o que quer lhe comunicar.  Depois encoraje a criança/adolescente a repetir o que você acabou de dizer. 11. Agir, não falar demais. • Proporcione consequências mais imediatas para lidar com o bom e o mau comportamento, em vez de ficar “falando sem parar no assunto”, resmungando ou fazendo longos discursos moralizadores sobre o problema. 12. Negociar, em vez de impor. • Seguir estes seis passos para uma negociação efetiva do problema: a) Defina o problema: escreva-o e mantenha os membros da família informados da tarefa. b) Gere uma lista de todas as possíveis soluções. Não são permitidas críticas neste estágio. c) Depois que todas as soluções tiverem sido listadas, deixe cada pessoa criticar brevemente cada possibilidade. d) Escolha a opção mais agradável. e) Torne este um contrato de comportamento (todos os membros da família devem assiná-lo). f) Estabeleça penalidades por quebra do contrato. 13. Conservar seu senso de humor. • Descubra o humor, a ironia, a frivolidade ou as coisas cômicas que acontecem na vida diária com as crianças/adolescentes e ria com seu filho sobre tais coisas. 14. Usar as recompensas antes da punição. • Você quer mudar um comportamento problemático? • Identifique o comportamento positivo ou pró-social que você quer para substituir o comportamento problemático. • Recompense generosamente (elogie, aprove) o novo comportamento toda vez que o observar. • Após uma semana fazendo isto, use uma punição leve (a perda de algo simbólico ou de um privilégio) quando o comportamento problemático alternativo ocorrer. 15. Antecipar os ambientes problemáticos (especialmente para crianças pequenas) e fazer um plano de transição: • Antes de iniciar uma nova atividade ou tarefa ou antes de entrar em um lugar novo, pare! • Reveja duas ou três regras que a criança precisa obedecer. • Faça a criança repetir estas regras. • Estabeleça um incentivo ou recompensa. • Estabeleça a punição que será usada. • Dê à criança algo ativo para fazer na tarefa ou no novo local. • Comece a tarefa (ou entre no novo local) e então siga seu plano. • Recompense durante toda a tarefa ou atividade. 16. Mantenha um senso de prioridades. • Segundo um dito popular, “Não se desgaste por pouco”. Grande parte do que pedimos às crianças/aos adolescentes fazerem são coisas pouco importantes e tediosas no esquema maior de seu desenvolvimento. • Concentre seus esforços nas atividades ou tarefas importantes que mais importam a longo prazo (escola, relação com os pares, etc.), e não nas tarefas menores, menos importantes (limpar, catar coisas, etc.) que pouco contribuem para o desenvolvimento a longo prazo. 17. Mantenha uma perspectiva de déficit. • O TDAH é um transtorno neurogenético; seu filho não escolheu ser assim. 18. Pratique o perdão (de seu filho ou de você mesmo ou dos outros que possam interpretar mal o comportamento de seu filho). Acomodações em classe para crianças/adolescentes com TDAH MANEJO DA CLASSE: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS • Não obrigue a criança/adolescente a repetir de ano! A pesquisa mostra que isto prejudica, não ajuda. Ao contrário, faça um plano de tratamento. • Use as primeiras semanas do ano letivo para estabelecer o controle de seu comportamento. • Reduza sua carga de trabalho total. • Dê-lhe pequenas cotas de trabalho de cada vez, com interrupções frequentes (por exemplo, 5 problemas de cada vez, não 10). • Use a disposição tradicional das carteiras (isto é, todas as carteiras voltadas para a área de ensino). • Sente uma criança/adolescente com TDAH perto da área de ensino, para permitir mais supervisão e fiscalização. • Vise primeiro a produtividade (número de problemas tentados); depois, concentre-se na acurácia. • Não mande para casa trabalho de classe inacabado. • Dê atribuições de lição de casa semanais, para que os pais possam planejar sua semana em conformidade com isto. • Reduza/elimine as lições de casa para crianças do ensino fundamental (a pesquisa não demonstra claramente que a lição de casa beneficia as crianças antes do ensino médio). • Se tiver de ser dada lição de casa, mantenha-a em um total de 10 minutos x a série na escola. • Permita alguma desorganização na área de trabalho. • Faça pausas frequentes para exercícios físicos. • Providencie divisórias coloridas e outros sistemas de organização. • Experimente usar o texto com codificação colorida, usando marca-textos para assinalar os pontos principais. • Use o ensino participativo: dê aos alunos algo que fazer para ajudá-lo enquanto ensina. • Experimente usar lousas laminadas, não respostas impulsivas. Cada criança fica com um quadro branco e uma caneta hidrográfica, e quando as perguntas são feitas, todos escrevem a resposta em seu quadro e o levantam no ar. Só chame algum aluno depois que todos os quadros tiverem sido levantados. • Chame um “colega de estudo” para fazer lição de casa. • Intercale as atividades de baixa atratividade com as de alta atratividade para manter o nível de interesse. • Seja mais animado, teatral e dramático quando ensinar (torne seu ensino interessante!). • Quando falar com uma criança com TDAH, toque nela (coloque uma mão na mão, no braço ou no ombro da criança). • Programe as matérias mais difíceis para os primeiros períodos do dia letivo. • Use ensino direto, aprendizagem programada ou materiais de ensino extremamente estruturados. • Faça a criança preestabelecer objetivos de trabalho (“Quantos problemas você pode fazer para mim?”). • Requeira anotações contínuas durante as aulas expositivas e durante a leitura. TUTORIA DOS PARES • Crie e distribua materiais (apostilas de trabalho). • Ensine à classe novos conceitos e habilidades. • Proporcione instruções iniciais para o trabalho a ser feito. • Divida a classe em díades (duplas). • Faça um aluno ser o tutor e testar o outro. • Circule, supervisione e treine as duplas. • Alterne os papéis (tutor vs. aluno) na dupla. • Agrupe semanalmente os alunos em novas duplas. • Faça um gráfico e coloque em um quadro os resultados dos testes. AUMENTANDO OS INCENTIVOS • Aumente os elogios, a aprovação e a apreciação. • Faça muitos elogios curtos durante o dia. • Use um sistema de símbolos ou pontos para organizar as consequências. • Experimente recompensas baseadas em equipes (quatro ou cinco alunos por equipe; as equipes competem). • Crie uma playlist com um programa de sons/músicas frequentes em intervalos variáveis. • Diga aos alunos que quando os sons tocarem e eles estiverem fazendo o trabalho em suas carteiras, eles deverão se autoavaliar e então se autorrecompensar com um ponto se estiverem trabalhando. • Permita frequentemente o acesso a recompensas (diariamente ou com maior frequência). • Mantenha a proporção entre recompensa e punição em 2:1 ou maior, de forma que a classe permaneça sendo gratificante, e não punitiva. • Considere o uso de um cartão de relatório diário do comportamento. COLOCANDO REGRAS E TEMPO EM FORMAS FÍSICAS • Afixe as regras em cartazes para cada período de trabalho. • Crie um sinal de parada com três lados com as regras da classe para as crianças pequenas: Vermelho = leitura; amarelo = trabalho na carteira, verde = jogo livre. • Coloque conjuntos de cartões laminados coloridos nas carteiras, com um conjunto de regras para cada matéria ou atividade em classe. • Faça a criança recordar as regras no início de cada atividade. • Faça a criança usar autoinstrução vocal em voz baixa durante o trabalho. • Crie encorajamentos gravados pelo pai ou pela mãe como lembretes de regras para o comportamento durante a tarefa; a criança pode ouvi-las durante o trabalho na carteira. • Use timers, relógios, indicações de tempo gravadas ou outros dispositivos para mostrar quanto tempo as crianças ainda têm para realizar uma atividade. TREINANDO A AUTOCONSCIÊNCIA • Faça a criança registrar a produtividade no trabalho em uma tabela ou gráfico diário colocados em uma exposição pública. • Faça a criança se autoavaliar em um cartão de conduta diário. • Sugira à criança se automonitorar, ao ouvir esta palavra “Tartaruga”:  A criança pára o que está fazendo, juntando as mãos e as pernas.  A criança lentamente passa os olhos pela classe.  A criança se pergunta, “O que me disseram para fazer?”  A criança retorna à tarefa designada. • Faça a criança usar um dispositivo de aviso táctil, (um relógio, por exemplo, vibratório com um timer digital embutido) para ajudá-la periodicamente a prestar atenção. • Use avisos confidenciais não-verbais para adolescentes (por exemplo, diga-lhes que, se você colocar as mãos nos ombros deles é um aviso para prestar atenção em você. • Em casos graves, considere gravar em vídeo a criança na classe para semanalmente dar suporte à sessão com o psicólogo da escola. POSSÍVEIS MÉTODOS DE PUNIÇÃO • Cheque com o diretor da escola sobre as políticas de punição da escola. • Personalize reprimendas leves, privadas e diretas (ir até a criança, tocar a criança no braço ou no ombro, fazer uma declaração corretiva breve). • A chamada de atenção imediata é a chave da disciplina: o que faz a punição funcionar é a velocidade com que ela é implementada após o comportamento inadequado. • Experimente o procedimento “Faça uma tarefa”: a) Coloque uma carteira no fundo da classe com folhas de exercícios empilhadas sobre ela. b) Quando uma criança comportar-se mal, diga-lhe o que ela fez de errado e lhe dê um número. c) A criança vai até a carteira e faz aquele número de exercícios durante um intervalo de tempo. d) Quando o trabalho for finalizado, a criança o coloca sobre a mesa do professor e retorna a sua carteira habitual. e) Use o custo da resposta (a perda de símbolos ou de um privilégio ligado ao mau comportamento). • Designe ensaios morais: Faça a criança escrever “Por que eu não devo ... [por exemplo, “bater nos outros colegas].” • Estabeleça um local de “esfriamento” para readquirir o controle emocional. • Somente em casos graves use as suspensões da escola ou as expulsões de classe para os alunos com transtornos comportamentais/emocionais. DICAS PARA ADOLESCENTES • Considere o uso de medicação para os dias letivos (faça os pais gratificarem os adolescentes por dia, caso necessário). • Encontre um “treinador” ou “mentor” na escola que possa reservar apenas 15 minutos para ajudar um adolescente. • Programe check-up de cinco minutos durante cada dia letivo: o adolescente vai até o treinador nesse tempo para rever o dia letivo, a lista de atribuições e o cartão de relatório diário do comportamento, e o treinador tem com ele uma conversa motivadora para estimulá-lo até o próximo check-up. • Use a lista de atribuição diária para registrar a lição de casa. • Use um cartão de comportamento escolar diário ou semanal (com uma possível passagem para a autoavaliação após duas semanas com bons comportamentos). • Encoraje o adolescente a aprender a digitação e o uso do teclado do computador. • Programe as aulas mais difíceis para as primeiras horas do dia. • Não há evidência de que permitir um tempo extra para os testes com tempo marcado seja de alguma utilidade; é melhor ter um local de teste isento de fatores de distração. • Permita que o adolescente ouça música enquanto faz a lição de casa. • Coloque resumos escritos nas apostilas para rever e estudar. • Requeira que o adolescente faça anotações em classe, enquanto está lendo, para ajudá-lo a prestar atenção. • Encoraje o adolescente a “estudar com um colega” depois da escola. • Convença o adolescente a frequentar sessões de ajuda após a escola quando estas estiverem disponíveis. FONTE: Livro: Barkley, R.A.; Murphy, K.R. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: exercícios clínicos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

  • Ilimitadas sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas

    A partir desse mês de agosto, a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS - acaba com o limite de sessões e estende direito a pacientes com qualquer diagnóstico, de acordo com a indicação do médico assistente. A medida vale para os usuários de planos de saúde com qualquer doença ou condição de saúde listada pela Organização Mundial de Saúde, como, por exemplo, Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista e Esquizofrenia, ou seja, o fim do limite de consultas e sessões é válido para pacientes com qualquer diagnóstico, de acordo com a indicação do médico. Sendo assim, a cobertura do plano de saúde depende de um encaminhamento médico. A nova resolução normativa foi publicada Diário Oficial da União e passou a valer a partir de 1º de agosto de 2022. Quem vinha fazendo as terapias e pagando o limite ultrapassado não tem direito a reembolso para consultas realizadas anteriormente. A decisão foi tomada em reunião extraordinária da Diretoria Colegiada da Agência realizada em 11/07, com o objetivo de promover a igualdade de direitos aos usuários da saúde suplementar e padronizar o formato dos procedimentos atualmente assegurados, relativos a essas categorias profissionais. Dessa forma, foram excluídas as Diretrizes de Utilização (condições exigidas para determinadas coberturas) para as consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, e o atendimento passará a considerar a prescrição do médico assistente. RESOLUÇÃO RN Nº 541, DE 11 DE JULHO DE 2022, clique aqui.

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